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Presidente da CEAST denuncia intimidações e perseguições

Adolfo Guerra (Menongue)
17 de janeiro de 2025

À DW, Dom José Manuel Imbamba diz que tem sido alvo de perseguição e intimidações, mas garante que não vai parar enquanto os angolanos continuarem a batalhar contra as injustiças, a fome e a pobreza.

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Dom José Manuel Imbamba: "Não consigo perceber que, no nosso contexto, a injustiça e a pobreza ainda reinem"Foto: Adolfo Guerra/DW

Já em 2003, com apenas 26 anos de idade, Dom José Manuel Imbamba fez parte de uma lista para ser eliminado por defender a verdade e denunciar as injustiças, revela à DW.

"Eu estava na lista de pessoas que deviam ser abatidas naquela guerra pós-eleitoral em 2003. Já recebi pessoas que me ameaçaram por causa da frontalidade com que debato determinadas questões. Mas tudo isto no sentido de intimidar, no sentido de se querer talvez manchar a minha imagem, a imagem da Igreja. Mas depois as pessoas vão percebendo que eu falo por mim."

O atual presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) relata que a situação não parou por aí. Nos últimos anos, tem sofrido ataques pessoais por causa dos seus pronunciamentos que incomodam.

"Tudo o que eu falo, assumo. Não sou boca de aluguer de ninguém. Falo em nome da instituição que eu represento e de todos aqueles que são pobres, que são marginalizados, que são discriminados, que são ofendidos na sua dignidade, nos seus direitos. Por estes, eu bato-me e continuarei a bater-me em nome do evangelho do qual sou apóstolo", afirma. 

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"Há falta de sentido de justiça"

Apesar das ameaças, o arcebispo da arquidiocese de Saurimo garante que não vai parar, porque é objetivo da evangelização falar a verdade segundo as escrituras, numa altura que a situação social é cada vez mais deplorável em Angola.

"Não consigo perceber que, no nosso contexto, a injustiça e a pobreza ainda reinem. Há falta de sentido de bem, o sentido de justiça, o sentido da amizade. Há falta mesmo desta fraternidade, da aceitação mútua. Portanto, o paganismo, o apego às tradições que escravizam."

"Tudo isto, para mim, são desafios que me interpelam e me dizem que ainda não fiz tudo o que deveria fazer", reflete.

Objetivos pessoais

Embora a Constituição angolana consagre o direito à liberdade de expressão, nem sempre este direito é respeitado no país. O líder da CEAST, reeleito em setembro para um segundo mandato, diz que ainda não se sente realizado por considerar que o evangelho não atingiu o coração de todos.

"Ainda não despertei consciências, ainda não apresentei a limpidez, digamos assim, da verdade social, da verdade cultural, da verdade humana, da verdade familiar que nos deve ajudar a purificar tudo aquilo de desumano que ainda carregamos", descreve.

"Enquanto eu não sentir esta alegria de ver que, de facto, a mensagem que transmito e transporto, está a produzir aqueles frutos nas pessoas, nas famílias e na sociedade, não me sentirei satisfeito nem realizado", conclui.

"Estamos a pedir ao nosso grande Presidente que nos ajude"

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