Angola: UNITA manifesta-se em várias cidades e promete mais
3 de junho de 2017Milhares de angolanos saíram à rua para exigir eleições livres e justas. Em Luanda, os manifestantes marcharam a pé durante cerca de três quilómetros, desde o largo do Mercado dos Congolenses até a Praça da Família, onde representantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) fizeram declarações públicas.
O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, garantiu que o partido vai continuar a promover atos de protesto a favor de eleições "justas e transparentes", caso a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) insistir naquilo que considera de "violação da lei".
"Depois do que estamos a dizer aqui, e com esta moldura humana a concordar que o que se está a fazer está mal, vamos esperar para ver se eles, entre segunda-feira ou terça-feira, vão mudar. Se não mudarem, estaremos aqui a manifestar outra vez", anunciou na capital angolana, Isaías Samakuva, cabeça-de-lista da UNITA pelo círculo nacional e assim candidato à eleição por via indireta para o cargo de Presidente da República.
A UNITA exige que a CNE inicie um novo processo contratual das empresas que vão prestar apoio tecnológico às eleições gerais. O maior partido da oposição em Angola exige ainda auditorias às duas empresas contratadas para a realização das eleições.
O partido contesta a contratação, por adjudicação direta, da portuguesa SINFIC, ligada a capitais angolanos, e da espenhola INDRA, para a elaboração dos cadernos eleitorais e o credenciamento dos agentes eleitorais e o fornecimento de material de votação e da solução tecnológica, respetivamente, e que já participaram nas eleições de 2012. A UNITA acusou a CNE de "prática fraudulenta" num negócio avaliado em 143 milhões de euros.
Uma das maiores preocupações da UNITA é o cumprimento da lei. "Não queremos mais ver gente, que se registou e com cartões eleitorais atualizados, a não estar inserida no sistema, como o Tribunal Constitucional comprovou agora ao analisar as candidaturas da UNITA", afirmou a deputada do partido do Galo Negro, Navita Ngolo.
"Não queremos eleições aldabradas. Não vamos permitir isso. No dia 23 de agosto queremos eleições livres e justas. No dia 23 vamos tirar todos os gatunos do poder", disse o advogado da Associação Mãos Livres, David Mendes, que é um dos candidatos a deputados pela UNITA.
Galo Negro saiu à rua em vários pontos do país
Um pouco por todo o país, milhares de angolanos exigiram a correção de alegadas irregularidades na organização das eleições gerais deste ano.
O secretário provincial do Huambo da UNITA, Liberty Chiaka, disse que "tudo correu muito bem, sem nenhum incidente". "Tivemos mais de 50 mil participantes. Foi uma participação que nos satisfaz e, se houver necessidade de se realizar uma outra a próxima semana, poderá ser mais concorrida", assegurou Liberty Chiaka.
O secretário do Cuando Cubango, Adriano Sapinhala, garantiu que a manifestção correu de forma organizada. Para isso terá contribuído a "concertação, inclusive com o MPLA, exatamente para que se evitassem algumas querelas, já que o MPLA também organizou uma atividade" este sábado (03.06), explicou Adriano Sapinhala.
Já na província do Cuanza Sul, o secretário provincial da UNITA, Armando Kakepa, afirmou que houve "uma participação de cerca de sete mil pessoas" na manifestação.