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Angolanos exigem autarquias a João Lourenço

14 de setembro de 2022

João Lourenço toma posse esta quinta-feira como Presidente da República. Angolanos ouvidos pela DW dizem que uma prioridades do novo Governo deve ser a realização de eleições autárquicas.

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Foto: JULIO PACHECO NTELA/AFP

O partido que governa Angola desde a independência do país, em 1975, teve sempre programas de "encher os olhos", mas tem pecado na sua implementação, comentam vários cidadãos ouvidos pela DW.

Um das promessas que ficou por cumprir, nos últimos anos, é a realização das eleições autárquicas. Para o jovem Fernando Moniz, esta deveria ser uma das prioridades do novo Governo de João Lourenço.

"A implementação das autarquias é uma necessidade, pois o país precisa, não para agradar quem está na oposição, mas para resolver os problemas do povo", comenta.

Autarquias vão mesmo avançar?

No entanto, desde 2012 que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) sofre perdas de 10 pontos percentuais nas eleições.

No pleito de 24 de agosto, em Luanda, o maior círculo eleitoral do país, a perda foi histórica: o maior partido da oposição, a UNITA, alcançou mais de 60% dos votos. O MPLA também perdeu apoio em zonas como o Kwanza Norte, Malanje, Cabinda e Zaire.

Sendo assim, olhando para estes resultados, o professor Amílcar de Armando tem dúvidas que as autarquias avancem.

Derrota do MPLA em Luanda: "Chave para a descentralização"

"O MPLA sabe que, se realizar eleições autárquicas, perde grande parte do poder. Luanda tem mais de 30% dos eleitores de toda Angola. Por isso, não vai funcionar. A única coisa que apelo ao Presidente João Lourenço é, pelo menos, implemente as autarquias. Se o fizer, irá provavelmente recuperar a confiança que perdeu."

E a liberdade de imprensa?

Outra questão prioritária, segundo os angolanos ouvidos pela DW África, é o estado da comunicação social, sobretudo os órgãos tutelados do Estado.

Adilson Sebastião, responsável por um projeto de rádio comunitária no Bengo, gostaria de materializar a sua estação nos próximos cinco anos. Contudo, ainda espera por uma revisão do pacote legislativo da comunicação social. E diz mais.

"A nossa comunicação social tem um pouco de limitação naquilo que é a sua atuação, e o Executivo tem de olhar para isso. Porque muitos, quando tentam falar o que sentem, são encarados como da oposição. Isso tem de melhorar."

O jornalista Manuel Godinho concorda que é preciso aumentar a liberdade de imprensa no país, mas tem poucas esperanças: "A única coisa que muda aí são os adjetivos. Como é que [o MPLA] vai impactar? Vai ter aceitação como? Veja: em todas as grandes cidades onde a comunicação chegou pelas redes sociais, o voto foi desfavorável ao MPLA."

Neste caso, o dilema do MPLA parece ser semelhante ao da descentralização.

Especial DW: Tomada de posse e manifestações em Angola?

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