Angolanos pouco ou nada sabem sobre o ébola
29 de maio de 2018Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que Angola está na lista de países onde há "risco de contágio" do ébola. O que sabem os angolanos sobre as formas de contaminação e prevenção da doença?
A DW África saiu à rua para ouvir os cidadãos de Luanda. Filipe Joaquim António, residente na capital, diz que se surpreendeu com a informação que ouviu no táxi, "porque na verdade não estava informado" sobre o novo surto de ébola.
José Jaime, outro cidadão de Luanda, confessa que pouco sabe sobre a doença que já fez 12 mortos no mais recente surto na República Democrática do Congo (RDC). "Recentemente, ouvi que o Congo está a ser assolado por esta doença. O nosso país também teve um momento que passou por isso, é basicamente isso que sei", contou à DW África.
José Fernandes também tem pouca informação sobre o assunto, mas avança algumas formas de contágio. "Não se deve dar a mão a qualquer pessoa. E sempre que fizeres necessidades tens de lavar as mãos", explica.
Sensibilização da população
O vírus do ébola transmite-se entre humanos através do contacto com sangue ou secreções infetadas, tais como a urina, fezes ou vómitos, contaminação com material biológico infetado e por animais.
O analista João Lucombo entende que é necessário reforçar as campanhas de sensibilização da população, sobretudo nas províncias fronteiriças. Segundo o especialista, o Governo tem de apostar na medicina preventiva, informando as populações sobre os sintomas do ébola.
"E como esta doença se tem expandido na RDC, nós, por sermos um país vizinho, estamos condenados a ter maior capacidade de precaução, caso contrário também vamos viver a doença no nosso país", alerta.
Governo toma medidas
O Governo angolano anunciou este domingo (27.05), em Cabinda, que estão a ser tomadas medidas de prevenção do surto da ébola que assola a RDC. Segundo o secretário de Estado da Saúde Pública, José Manuel da Cunha, já estão a ser distribuídos formulários nos postos de entrada, como aeroportos e portos, além da distribuição de fichas de notificação.
As províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Moxico, Malanje e Luandas Norte e Sul estão a merecer uma atenção especial por fazerem fronteira com a RDC, anunciou o governante. Segundo o Governo, existe em Luanda uma sala de crise que diariamente recebe informações de cada uma das províncias fronteiriças.
O analista João Lucombo diz que é necessário fazer mais. "Temos vindo a ter uma cooperação económica com a RDC, sobretudo nas fronteiras, e isso faz com que o contacto entre estes dois povos seja permanente e como não se pode evitar, há essa toda necessidade de aumentar os níveis de precaução, desde testes e consultas de quem entra e sai da nossa fronteira", defende.
Em finais de 2004, sete províncias nomeadamente, Luanda, Uíge, Malanje, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Zaire e Cabinda, foram assoladas pela febre hemorrágica de Marburg. A epidemia também tinha afetado indivíduos de países vizinhos que fazem fronteira com Angola. Na altura, o relatório do Ministério da Saúde de Angola estimou que mais de 200 pessoas morreram vítimas da febre hemorrágica.