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"Apagou-se a voz livre e libertadora"

Leonel Matias (Maputo)6 de dezembro de 2013

A morte de Nelson Mandela está a chocar Moçambique, um país com quem o símbolo da luta contra o apartheid mantinha fortes ligações. Sucedem-se mensagens de pesar e preparam-se homenagens à sua figura e obra.

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Foto: Reuters/Mike Hutchings

Um sentimento de dor e consternação está a marcar em Moçambique os momentos que se seguem à morte de Nelson Mandela, na noite desta quinta-feira (05.12).

Moçambique e a África do Sul, terra natal de Mandela, têm fortes ligações históricas e culturais, por vários motivos: Mandela está casado com a moçambicana Graça Machel, Moçambique albergou muitos refugiados sul-africanos durante a luta contra o apartheid, e os dois países partilham uma extensa fronteira comum.

"Exemplo de coragem e determinação", diz Guebuza

O Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, descreve Mandela como o símbolo mor da luta contra o apartheid, um génio e cidadão de todo o mundo.

“Apagou-se a voz livre e libertadora. A voz de uma figura emblemática cujos ideiais registam seguidores e beneficiários em todo o mundo”, afirma Guebuza. “Apartou-se do nosso convívio o homem que foi exemplo de coragem e determinação e perseverança na luta pela transformação de ideais nobres em realidade”, acrescenta. O Parlamento moçambicano iniciou os seus trabalhos esta sexta-feira (06.12) rendendo homenagem a Nelson Mandela.

Escritor moçambicano recorda Mandela

Abílio Soeiro, escritor moçambicano que lançou em julho o livro “Obrigado Madiba” recorda à DW África os momentos de convívio que manteve com Mandela, afirmando que “era uma personalidade com muito humor e isso refletia-se, punha as pessoas muito à vontade”. “Eu, com Mandela, aprendi a ser mais homem do que era”, conclui.

Soeiro revelou que, como resultado das receitas da venda do seu livro, doou até ao momento à Fundação Mandela 40 mil dólares para ajudar a realizar o sonho de Madiba de construir um hospital.

Palavras para Madiba, nas ruas de Maputo

Em Moçambique, Nelson Mandela é visto como um homem especial que com a sua personalidade conseguiu ultrapassar as fronteiras do seu país, a África do Sul. Manifestações diversas, incluindo cultos religiosos, estão a ser preparadas em Maputo e outras cidades para recordar a vida e obra de Mandela e disseminar o seu legado. Nas ruas da capital de Moçambique, a DW África registou as palavras de apreço de alguns cidadãos moçambicanos.

“É daquelas pessoas que não gostaríamos que desaparecessem. Pessoas como Mandela não morrem, deixam um legado enormíssimo.”

“Soube transformar aquilo que poderia ser ódio e rancor contra os seus cárceres numa forma de perdão que foi um exemplo para o mundo inteiro.”

“Inspirou milhares de pessoas sobre a boa governação, a liderança, a coragem de resolver os problemas do mundo.”

“Era uma presença que dava uma garantia moral aos nossos comportamentos. Espero que, doravante, com base nos seus ensinamentos, possamos ter um mundo melhor.”

“Fez ver a todo o mundo que estava a lutar por uma justa causa. Oxalá apareçam mais Mandelas em todo o mundo.”

"Apagou-se a voz livre e libertadora": Moçambique recorda Mandela

Buchcover "Obrigado Madiba" - "Danke Madiba"
Capa do livro "Obrigado Madiba", de Abílio SoeiroFoto: DW/R. da Silva