As redes sociais trazem mais poder ao cidadão?
9 de junho de 2017Foram muitos os estudantes e pessoas da sociedade civil que se deslocaram ao campus principal da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Maputo, capital de Moçambique, para assistir ao debate moderado por Alexandre Rosa, da Televisão Independente de Moçambique (TIM) e que contou com a participação de Filomena Mairosse, blogger, Adérito Caldeira, editor-chefe do jornal @Verdade e Johannes Beck, chefe de redação de língua portuguesa da DW África.
Na opinião de Filomena Mairosse, as "redes sociais podem desempoderar as pessoas se estas forem muito passivas". Para a blogger, "quanto mais nós passarmos do passivo para o ativo e do ativo para os moldadores, mais empoderamento podemos ter".
Para Francisco Muvunga, um dos participantes, "as redes sociais são um meio de vender a nossa imagem, de nos conectarmos com pessoas que não conhecemos, mas que também, de alguma forma, podem ajudar".
Afirmando ser uma utilizadora regular, Cídia Chungo, outra jovem que veio assistir ao debate por este visar "um tema do seu interesse", afirma que descobriu nas redes sociais "a melhor ferramenta de trabalho".
Johannes Beck reconhece que as redes sociais são hoje uma ferramenta com um poder tecnicamente maior do que antes. Hoje, basta ter um telemóvel e algum dinheiro para poder colocar mensagens gratuitamente em plataformas como o Youtube ou o Facebook, constatou.
No entanto, Beck alerta que "cada vez mais, as redes sociais com os seus algoritmos reduzem as mensagens que vemos dos outros. Dependemos da bondade, por exemplo, do Facebook ou dos likes e shares dos nossos amigos, para que as mensagens sejam visíveis", afirma.
Elvis Cossa, também participante na conferência, considerou que as redes sociais são bem-vindas, no entanto, alertou para o facto destas poderem também ser usadas para "promover campanhas para manchar os outros, [publicar] fotografias estranhas e imagens de pornografia nas escolas do nosso país”.
Redes sociais vs jornalismo
Outra das questões levantadas foi o perigo das redes sociais se tornarem na única fonte de informação. Adérito Caldeira, explicou que, ao contrário das redes sociais, "que privilegiam o mediatismo", o jornalista prima pela investigação dos factos. "A pressa é inimiga do jornalismo. Precisamos de verificar os factos, falar com as fontes", frisou.
O chefe da redação de língua portuguesa para a África da DW, Johannes Beck, acrescentou ainda que a sua instituição está "muito preocupada com o aumento da censura na internet e, consequentemente, nas redes sociais”.
Beck afirma que a censura, que ainda não atingiu os países africanos de língua portuguesa, põe em causa o livre acesso à informação que é uma das vantagens das redes sociais. Acrescentou ainda que a sua instituição tem estado a apostar cada vez mais em plataformas de mensagem como o WhatsApp, enviando notícias aos leitores várias vezes por dia. "Temos a garantia que vão chegar ao usuário", explica.
O debate foi transmitido em direto para todo o mundo pela DW África através do Facebook, tendo vários usuários interagido a partir de vários países fazendo comentários e colocando questões.