Associações cívicas exigem explicações ao Presidente de Angola
3 de dezembro de 2014O GTMDH, uma plataforma que alberga diversas associações cívicas, acaba de exigir um posicionamento, o mais urgente possível, do Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, sobre a tortura de que foi vítima a jovem ativista Laurinda Gouveia, a 23 de novembro último, quando participava numa manifestação organizada pelo Movimento Revolucionário. Este, exigia através de um protesto pacífico, justiça em relação ao assassinato de Manuel Alberto Ganga, militante da CASA-CE, morto por membros da Guarda Presidencial há cerca de um ano.
Na tomada de posição pública, o Grupo de Trabalho de Monitoria dos Direitos Humanos em Angola afirma que “é com enorme preocupação que tomou conhecimento da agressão policial contra a estudante universitária, Laurinda Gouveia, e que perante tão hediondo crime o Governo angolano deve promover a abertura de um processo judicial que investigue e responsabilize todos os agentes policiais e os membros do SINSE (Serviço de Inteligência e de Segurança do Estado) envolvidos na referida ação bárbara.
OMUNGA questiona: porquê este silêncio do Presidente de Angola?
Em entrevista à DW-África, José Patrocínio, coordenador da ONG angolana de defesa dos direitos humanos, OMUNGA, uma das subscritoras da petição afirmou que, tendo em conta a gravidade da situação, só uma eventual cumplicidade da Presidência da Republica levaria José Eduardo dos Santos a manter-se em silêncio.
“Se não houve um posicionamento público do Presidente da República isso quer dizer que esse silêncio é uma certa cumplicidade neste tipo de ação.
O ativista cívico dos Direitos Humanos vai mais longe nas suas afirmações, dizendo mesmo que é urgente humanizar os orgãos de defesa e segurança do pais que se têm comportado como um orgão de repressão contra aqueles que não partilham da opinião do Governo e do presidente José Eduardo dos Santos.
“ Já vimos contra as zungueiras, já vimos contra os taxistas, contra os cidadãos comuns, na questão dos desalojamentos e das demolições, etc. Neste momento a imagem da polícia está ligada à imagem da prepotência, da arrogância, da violência e da limitação dos direitos da cidadania. Portanto temos que mudar tudo isso porque precisamente somos nós que pagamos o orçamento da polícia que tem a missão de defender os cidadãos e não de os reprimir”, concluiu.
Apelo lançado à primeira-dama de Angola
Na carta subscrita por organizações como a OMUNGA, a Associação Construindo Cidadania (ACC), Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), a Plataforma de Mulheres em Acção, entre outras, foi lançado ainda um apelo especial à primeira-dama da República, Ana Paula dos Santos, para que não fique indiferente à agressão de que foi vítima uma mulher, cujo crime, “foi sómente procurar exercer um direito previsto na Constituição de Angola”, destaca a missiva.
Contudo, ainda em relação a este assunto, está prevista para o próximo domingo (07.12), também em Luanda, uma marcha contra a violência, onde os organizadores pretendem ainda apelar a José Eduardo dos Santos para que deixe imediatamente a presidência da República, cargo que ocupa há 35 anos.