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Ataque em Bissau: "Explicações estapafúrdias" geram críticas

Iancuba Dansó (Bissau)
7 de fevereiro de 2022

Governo admitiu o envolvimento de rebeldes de Casamança na alegada tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro, mas analistas levantam dúvidas. PAIGC acredita que objetivo é fragilizar o partido.

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Guinea-Bissau | Unruhen | Soldaten in Bissau
Foto: AFPTV teams/AFP/Getty Images

Na Guiné-Bissau, continua o debate sobre o ataque de 1 de fevereiro ao Palácio do Governo, que resultou em 11 mortos, segundo o Executivo guineense. Quase uma semana depois do ataque - considerado pelas autoridades guineenses uma tentativa de golpe e de decapitação do Estado da Guiné-Bissau -, as autoridades continuam a apresentar novos elementos para explicar o sucedido.

Depois de o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, ter afirmado que teriam participado no ataque pessoas ligadas ao narcotráfico, o Governo, por sua vez, disse em comunicado, este sábado (05.02), que participaram no assalto ao Palácio do Governo rebeldes de Casamança, cujas ações foram aplaudidas por certos setores políticos do país.

Para o analista político Rui Landim, no entanto, nada está claro: "Ontem [sábado] ouvi falar de gente de Casamança, amanhã vai-se falar do Estado Islâmico", considera. "Falou-se de que escaparam e ninguém sabe. [São] explicações das mais estapafúrdias possíveis. Cada um vai dizer 'eu pensei isso e vamos dizer isso', acaba por desqualificar tudo isto".

O secretário para a Comunicação do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Muniro Conté, por sua vez, não tem dúvidas sobre a intenção das autoridades: "Há uma tendência de perseguição aos dirigentes do PAIGC, por forma a fragilizar o partido, para que não aconteça o congresso, porque sabem que o PAIGC indo ao congresso sai cada vez mais reforçado e a tendência é ganhar as próximas eleições [legislativas]".

"Suspeitos de narcotráfico" por trás da tentativa de golpe

Dúvidas também em torno da justiça

A DW África apurou que supostos rebeldes de Casamança encontram-se detidos em Bissau, estando a ser interrogados sobre a sua alegada participação no ataque de 1 de fevereiro. O caso está no Ministério Público, que já abriu o inquérito sobre o ataque ao Palácio do Governo.

"Se me perguntar se neste momento a justiça guineense é confiável para trazer um resultado que vai ser consensual entre os guineenses, digo que não", afirma, no entanto, o jornalista Sabino Santos.

"Infelizmente, a justiça tem criado condições para nós, enquanto cidadãos, duvidarmos dos seus resultados, em função que os seus operadores têm tomado", lamenta.

Autoridades impedem reunião do PAIGC

Entretanto, o PAIGC corre o risco de não realizar o seu décimo congresso ordinário, marcado para 17 a 20 de fevereiro. As forças policiais impediram no fim de semana a realização da conferência regional de Bissau, para a eleição dos delegados ao congresso, devido a uma ordem judicial, na sequência de uma providência cautelar intentada por um militante do partido.

Muniro Conté garante que o caso não fica por aqui: "Vamos interpor o recurso junto das instâncias competentes para viabilizar a realização desta última sessão das conferências regionais. Quando isso acontecer, o PAIGC vai sair reforçado e vai ganhar as eleições".

Conté lembrou que esta é a terceira vez que a sede do PAIGC é invadida pelas forças da ordem nas vésperas de um congresso e promete que a sua formação política vai tomar medidas legais para acabar com casos do género.

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