Ataques no centro de Moçambique fazem vítimas
21 de junho de 2013Três mortos e seis feridos, um dos quais em estado grave, é o resultado dos ataques que aconteceram na região de Machanga, na provincial central de Sofala.
Arnaldo Machowe, administrador do distrito de Chibabava, disse à agência de notícias Lusa que elementos da RENAMO, o maior partido da oposição, "metralharam" um autocarro da empresa Etrago, que não terá obedecido a ordem de parar, e um camião de carga, que ficou imobilizado.
De lembrar que na última quarta-feira (19.06.) a RENAMO ameaçou impedir, a partir do dia seguinte, a circulação rodoviária na estrada N1, no troço Muxúngué-Save, e na Linha Férrea de Sena.
De acordo com o partido a medida visa impedir que o Governo moçambicano consiga transporte material bélico para a região centro, onde está o seu bastião e presidente Afonso Dhlakama.
Resposta do Governo
Depois do ataque a polícia deteve o chefe do Departamento de Informação da RENAMO, Jerónimo Malagueta, que proferiu a ameaça de encerrar a estrada numa conferência de imprensa.
Falando à Lusa, o porta-voz do partido, Fernando Mazanga, disse estar certo que esta detenção está relacionada com as declarações de quarta-feira.
Jerónimo Malagueta foi comandante na guerrilha da RENAMO contra o Governo
da FRELIMO e, depois dos acordos de paz, de 1992, integrou o exército unificado.
Aposta no diálogo
O líder da Igreja Anglicana de Moçambique pediu "misericórdia e espírito de diálogo" ao Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para pôr fim à tensão política que o país vive.
Falando à Lusa Dom Dinis Sengulane deixou a seguinte mensagem as partes: "Apelo aos políticos para amolecerem os seus corações e darem aos seus seguidores o exemplo de tolerância."
Também a Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), que congrega os bispos católicos do país, apontou hoje "o diálogo genuíno" como a única solução para a tensão política que o país está a viver.
Para o bispo auxiliar de Maputo, João Nunes, a atual crise política traduz a falta de reconciliação séria entre os dois principais partidos políticos moçambicanos, "que não
aprenderam da população o espírito de concórdia".
Falando também à Lusa o porta-voz da CEM considera ainda que a ausência de uma justiça material é também uma das causas da atual tensão.
Iniciativa inédita
E o partido no poder, a FRELIMO, convocou para Maputo, amanhã (22.06.) uma manifestação "de repúdio" pelos ataques da RENAMO.
A manifestação, que percorrerá alguma das principais artérias da capital moçambicana, foi convocada por mensagem telefónica pelo dirigente da FRELIMO que habitualmente divulga junto dos jornalistas as iniciativas do partido.