Ativista Nito Alves agredido no Hospital Prisão de São Paulo
15 de junho de 2016As denúncias dos abusos foram feitas pelas famílias dos ativistas, que consideram uma injustiça o que se passou no Hospital Prisão de São Paulo e na cadeia de Kakila.
“[Nito Alves] pediu para ir cortar o cabelo e, depois da autorização, foi ao local onde se corta o cabelo. Um tempo depois, houve uma ordem do chefe dos serviços prisionais que disse que ele não podia cortar o cabelo”, conta Fernando Baptista, pai de Nito Alves, que acrescenta que depois de o filho afirmar que “tinha autorização, foi agredido e arrastado até à cela onde se encontra.
Menezes Kassoma, porta-voz dos serviços prisionais de Luanda, confirmou à DW África o pedido de Nito Alves. No entanto, afirma que o ativista tentou criar uma situação embaraçosa no local onde decorria um culto de ação de graças da Igreja Metodista, quando lhe pediram que aguardasse.
Kassoma nega as agressões. “Face a esta situação, Nito insurgiu-se contra as autoridades e disse que não iria sair do local, o que ia atrapalhar o culto, e foi retirado de lá. Não houve agressão, como afirmou o seu pai”, afirma o porta-voz dos serviços prisionais luandenses.
Cadeia de Kakila alvo de revista surpresa
Na cadeia de Kakila, o jornalista e professor universitário Domingos da Cruz, condenado a oito anos e seis meses de prisão, foi alvo de uma revista surpresa. Esperança Gonga, esposa do recluso, afirma que os motivos da revista não foram revelados.
“Vinham equipados com granadas, choques elétricos e outros equipamentos que a polícia utiliza. Não deram informações nenhumas, disseram apenas que eram ordens superiores”, explica Esperança. “Nós temos direito a esclarecimento, mas até agora não dizem nada.”
A esposa de Domingos da Cruz diz que também “se puseram a revistar a sala onde eles costumam fazer as leituras. Mandaram-nos entrar nas celas enquanto eles revistavam e não aceitaram. Depois da revista, foram embora”.
Menezes Kassoma afirma que “nesta revista, de entre vários objetos proibidos, foi encontrado um telemóvel de marca Samsung”.
Na quinta-feira (09.06), os familiares dos ativistas, condenados no dia 28 de março a penas entre dois a oito anos de prisão, foram ao Tribunal Supremo exigir explicações sobre o habeas corpus interposto pela defesa. Foram informados de que o processo não se encontrava naquela instância da justiça.
Agora, os familiares dos revús vão ao Tribunal Constitucional para saber mais informações sobre o deferimento do documento, que pode permitir aos reclusos aguardar pelo julgamento em liberdade.