Bissau: Partidos prometem novos protestos contra o Governo
6 de maio de 2017O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, pretende convocar uma manifestação social em Bissau para "pedir a exoneração das atuais autoridades nacionais", caso os assinantes do Acordo de Conacri não cheguem a consenso sobre a sua aplicação.
"Este prazo dado pela última missão da CEDEAO, é um prazo que serve de referência para nós todos e é importante que todos os assinantes do Acordo de Conacri vejam naquele prazo uma oportunidade de nos alinharmos com os dispositivos desse acordo", afirmou Domingos Simões Pereira, que falava como porta-voz de um grupo de sete partidos guineenses, esta sexta-feira (05.05).
Os sete partidos, quatro dos quais com assento parlamentar, não reconhecem o atual Governo que dizem ser de iniciativa do Presidente do país, José Mário Vaz, e exigem a sua demissão.
Acordo para pôr fim à crise política
O Acordo de Conacri, patrocinado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), prevê a formação de um Governo consensual integrado por todos os partidos representados no Parlamento e a nomeação de Augusto Olivais como primeiro-ministro.
Na última missão de avaliação da aplicação do Acordo de Conacri realizada a Bissau pela CEDEAO, a organização deu às partes em divergência 30 dias (que termina a 25 de maio) para aplicar o acordo, caso contrário serão impostas sanções.
Caso não sejam alinhadas posições entre os signatários do Acordo de Conacri, os "partidos políticos, sobretudo os partidos representados no nosso espaço de concertação política, vão de fato convocar uma manifestação porque vamos considerar que estão esgotadas todas as referências temporais necessárias para o seu cumprimento", afirmou Domingos Simões Pereira, depois de visita ao porta-voz do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados, Lesmes Monteiro.
Segundo Simões Pereira, os partidos vão "pedir ao povo guineense que reclame a exoneração das atuais autoridades nacionais que deram mais do que provas suficientes da sua incapacidade, incompetência e irresponsabilidade em traduzir a vontade do povo guineense".
Governo acusa PAIGC de não querer o diálogo
Por outro lado, o Governo guineense acusou esta sexta-feira PAIGC e mais três partidos políticos com assento parlamentar de terem "declinado" o convite para iniciar o diálogo proposto pela CEDEAO.
"Com a recusa do diálogo proposto pela CEDEAO e iniciado pelo primeiro-ministro, o PAIGC e as outras forças políticas que declinaram o convite para o diálogo direto com o Governo, demonstraram claramente que não acataram as recomendações da missão ministerial da CEDEAO", refere, em comunicado enviado à agência de notícias Lusa, o Governo guineense.
O atual primeiro-ministro guineense, Umaro Sissoco Embaló, realizou uma série de encontros esta semana com os representantes da comunidade internacional, sociedade civil, poder tradicional no âmbito do "novo processo de diálogo aberto com o PAIGC e demais forças políticas pela missão ministerial da CEDEAO".
O objetivo daquele diálogo é encontrar soluções para a crise política guineense, principalmente o funcionamento da Assembleia Nacional Popular parada há mais de um ano.
"Apesar da posição de negação do diálogo demonstrada pelos quatro partidos políticos já mencionados, o Governo continua determinado na procura de soluções para assegurar o normal funcionamento do parlamento", salienta o primeiro-ministro, que abriu o diálogo após o ultimado da CEDEAO à classe política guineense.
O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Partido da Convergência Democrática (PCD), União para a Mudança (UM), Partido da Nova Democracia (PND), Partido da Unidade Nacional (PUN), Partido de Solidariedade e Trabalho (PST) e o Movimento Patriótico formam o grupo dos sete partidos, denominado de coletivo democrático, que querem convocar manifestações sociais em Bissau caso o Acordo de Conacri não seja cumprido.