Brexit: Parlamento britânico chumba calendário do Governo
23 de outubro de 2019O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, queria que a legislação fosse aprovada até amanhã, para que fosse possível o seu país saír do bloco a 31 de outubro. Mas o projeto de lei, com cerca de 110 páginas, só foi publicado na noite desta segunda-feira (21.10). Por isso, a Câmara dos Comuns considerou o prazo muito apertado.
Uma decisão que, considerou o primeiro-ministro, traz mais incertezas ao país: "Devo expressar a minha desilusão pelo facto de a Câmara ter votado novamente a favor de um adiamento, em vez de um calendário que garantia que o Reino Unido estaria em posição de sair da União Europeia (UE) a 31 de outubro com um acordo. E agora enfrentamos mais incertezas e a UE tem de decidir como responder ao pedido de adiamento do Parlamento."
A resposta da União Europeia não tardou. Num texto publicado no Twitter, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que iria "recomendar aos 27 Estados-membro do bloco que aceitem o pedido de extensão do Reino Unido."
Ameaças não cumpridas de Johnson
Uma opção que, voltou a frisar Boris Johnson, não está nos seus planos. Antes da votação, o primeiro-ministro ameaçou mesmo os deputados, afirmando que se o parlamento chumbasse a proposta de calendário, avançar-se-ia para a realização de eleições legislativas antecipadas.
No entanto, mais tarde, já após a votação, o primeiro-ministro acabou por não falar no assunto, avançando apenas que, tal como prometido, o Governo iria avançar com a suspensão do processo legislativo para o 'Brexit' e acelerar os preparativos para uma saída sem acordo.
"Vou falar com os Estados-membros da UE sobre as suas intenções. E até que cheguem a uma decisão, vamos fazer uma pausa esta legislação. De qualquer forma, deixaremos a UE com este acordo ao qual o Parlamento deu o seu parecer favorável", disse.
Já o líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, mostrou-se satisfeito com o chumbo do calendário proposto pelo governo. E deixou até uma sugestão a Boris Johnson: "Vou fazer uma oferta: trabalhe em conjunto com todos nós para que cheguemos a um acordo para um calendário razoável."
Esta foi a primeira vez que a Câmara dos Comuns aprovou um acordo de saída do Reino Unido da União Europeia. Todas as três versões do documento apresentado por Theresa May, antecessora de Boris Johnson, foram chumbadas no Parlamento.