Burkina Faso, Mali e Níger anunciam saída da CEDEAO
28 de janeiro de 2024O Burkina Faso, Mali e Níger, países governados por juntas militares não reconhecidas internacionalmente, decidiram retirar, este domingo (28.01), os seus países, com efeitos imediatos, da CEDEAO.
Num comunicado conjunto, os Governos dos três países justificam a saída daquela organização sub-regional, na sequência das sanções impostas e da condenação dos golpes de Estado.
Os respectivos dirigentes dos três Estados sahelianos, "assumindo plenamente as suas responsabilidades perante a história e respondendo às expectativas, preocupações e aspirações das suas populações, decidiram, em plena soberania, retirar sem demora o Burkina Faso, o Mali e o Níger da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental", refere o comunicado, que foi lido nos órgãos de comunicação social estatais daqueles países.
"A organização falhou"
"Ao fim de 49 anos, os povos valentes do Burkina Faso, do Mali e do Níger constatam, com pesar e grande deceção, que a organização (CEDEAO) se afastou dos ideais dos seus pais fundadores e do espírito do pan-africanismo", declarou o comunicado, acrescentando que "a organização falhou notavelmente em ajudar estes Estados na sua luta existencial contra o terrorismo e a insegurança".
Para já, não é claro qual será o impacto da decisão das juntas do Níger, Burkina Faso e Mali no bloco regional de 15 membros, onde bens e cidadãos circulam livremente.
De acordo com o tratado do bloco, os Estados membros que desejem retirar-se devem notificar por escrito com um ano de antecedência. Mas não está claro se os três países o fizeram. O tratado diz ainda que devem continuar a respeitar as suas disposições durante o período de um ano.
Golpes e crises
Os golpes de Estado no Mali (24 de maio de 2021), Níger (26 de julho de 2023), Burkina Faso (06 de agosto de 2023) derrubaram Governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder juntas militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial (França), de ingerência.
Em setembro, os três países a Aliança dos Estados do Sahel (AES) acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa. Os três países alegam também estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e criticaram os Governos anteriores de não terem falhado nessa matéria.
As tropas francesas foram expulsas e há o registo de elementos do grupo de mercenários russo Wagner no terreno.
A CEDEAO tem criticado os Governos dos três países e vários governantes admitiram a possibilidade de ações militares no terreno para repor a ordem democrática.