Camarões reforçam grupos de defesa para combater Boko Haram
14 de fevereiro de 2017Com o objetivo de combater o aumento do número dos ataques suicidas perpetrados pelo grupo radical Boko Haram, o Governo dos Camarões está a reforçar os grupos de auto-defesa locais.
Para impedir a entrada dos bombistas-suicidas no país, os vigilantes estão a receber do Governo equipamento adicional como motorizadas, telemóveis e detetores eletrónicos de metais. Os resultados são satisfatórios, garantem as autoridades.
Grupos protegem comunidades
200 recrutas do grupo de auto-defesa dançam ao ritmo da música de iniciação em Mora, na região norte dos Camarões que faz fronteira com a Nigéria.
Num juramento, os recrutas prometem cumprir com as suas obrigações que passam por proteger as comunidades. Entre milhares de pessoas que testemunham o acto está Midjiyawa Bakari, governador da província do Extremo Norte, que faz fronteira com o estado de Borno, na Nigéria.
À DW África, o governador assevera que as ações destes grupos no terreno têm conduzido à redução dos ataques-suicidas nos Camarões. "Tenho pedido aos vigilantes que informem os militares sobre a presença de qualquer suspeito ou estranho nos seus bairros”, acrescenta.
Travar recruta de vigilantes
Segundo Midjiyawa Bakari, todas as semanas é reportado, pelo menos, um ataque suicida. O rito de iniciação foi feito para impedir que membros do grupo de auto-defesa se juntassem ao Boko Haram.
No ano passado, o Governo dos Camarões prendeu e demitiu alguns vigilantes depois de relatórios de segurança indicarem casos de inflitração de membros do Boko Haram no país, através de grupos de auto-defesa.
Djingil Abbo, um dos vigilantes, espera que haja menos traições, uma vez que o grupo prestou juramento. "Comprometemo-nos a trabalhar arduamente agora que o Governo decidiu dar-nos comida e dinheiro”, dá conta.
Missão perigosa
À noite, 80 vigilantes armados de machetes, arcos e flechas, facas e detetores de metal e lanças juntam-se para substituir os colegas que trabalharam durante a tarde. É um trabalho perigoso e muitos membros do grupo já perderam a vida em ataques suicidas e ataques armados.
Sali Ali Mahamat pertence a um destes grupos. À DW África, o camaronense de 44 anos conta que ele e os seus dois irmãos escaparam de um ataque, graças a uma intervenção dos militares. "Dois combatentes do Boko Haram, com armas apontadas contra nós, mandaram-nos guiá-los através do lado Chade para aqui, nos Camarões. Sabendo que seria morto depois do serviço, decidi atacar um deles e caimos no lago. Os meus dois irmãos atacaram os outros terroristas e os marinheiros chamaram o exército. Infelizmente fui atingido na mão e na cabeça, mas recebi tratamento gratuito num hospital do Governo”, conta.
Na opinião de Daligue Zogoi, outro vigilante, esta é uma iniciativa do Governo que vale a pena, pois é uma forma das populações se sentirem seguras. "A população de Mayo Savo dorme sabendo que pode contar com os seus grupos de auto-defesa no caso de qualquer ataque suicida."