Candidados à presidência de Angola apelam ao voto
23 de agosto de 2017O cabeça-de-lista da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) nas eleições gerais exortou os angolanos a votar, num dia em que devem sentir-se "importantes".
Isaías Samakuva, líder da UNITA e candidato a Presidente da República, votou na Universidade Óscar Ribas, município de Talatona, na zona sul de Luanda. Em declarações à imprensa, Isaías Samakuva disse que o processo eleitoral registou "irregularidades", muitas das quais entretanto ultrapassadas.
Contudo, voltou a criticar a posição da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), defendendo que existem ainda questões pertinentes por solucionar.
"Precisamos de melhorar, precisamos de mudar e a mudança só passa pelas eleições. Portanto, por isso mesmo, achamos que este é um momento importante e cada angolano deve se sentir-se no seu dever de ir à assembleia de voto e votar", reiterou Samakuva.
Tempo de mudança
O cabeça de lista da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, considerou hoje as eleições gerais podem constituir "um novo começo para o país" e que os angolanos querem mudança. Instantes depois de ter votado na assembleia de voto n.º 1039, Chivukuvuku pediu às instituições que tutelam o ato eleitoral para que "cumpram com o seu papel" de modo a que seja possível "festejar um momento que pode ser um novo começo" para Angola.
"Os angolanos querem mudança e vão decidir. E é responsabilidade da CNE corresponder a essa vontade dos angolanos que este seja um momento de paz, serenidade, alegria e de festa para todos", afirmou o candidato da terceira força mais votada nas últimas eleições.
"Felicito todos os angolanos que participaram neste processo" e agora "espero que as instituições encarregues cumpram com o seu papel e que possamos todos festejar um momento que pode ser um novo começo para o nosso país", afirmou Abel Chivukuvuku. O "mais importante", acrescentou, "é que os angolanos decidam e decidam bem para um novo rumo para Angola, para que deixe de ser um país potencialmente rico habitado por uma maioria de pobres".
"Dia D"
Em declarações à imprensa, no final da sua votação, Lucas Ngonda, o candidato da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) a Presidente da República, apelou ao voto, salientando que nos últimos 30 dias lutou para que "acabe a pobreza em Angola".
"Nós colocamos estas eleições sob o signo da paz, da reconciliação e da consolidação da democracia", disse. O político disse esperar que, nestas eleições, o parlamento saia equilibrado e que "quem ganhou não ganhe tudo".
"Saio com sentimento de dever cumprido. Nós lutámos, andámos o país todo, hoje é o dia 'D' e esperamos que o povo angolano, que é soberano, se exprima com justiça e que saia daqui o sistema político capaz de trabalhar para que o povo angolano possa ser feliz", acrescentou Lucas Ngonda.
"Angola está em festa"
Quintino Moreira, o candidato da Aliança Patriótica Nacional (APN), exortou todos os eleitores para que se dirijam às assembleias de voto e "escolham o melhor".
"Angola está em festa, festa grande, festa da democracia e todos nós angolanas e angolanos devemos participar neste exercício democrático, nesta festa democrática, por isso, insto que todos vão à assembleia de voto para poderem votar", referiu.
O líder da mais recente formação política angolana referiu ainda que está preparado aceitar os resultados saídos destas eleições, lançando, contudo, críticas ao processo eleitoral que "não foi 100% correto".
"Por isso vamos, em conferência de imprensa, fazer referência como foi o processo desde a fase pré-eleitoral e os 30 dias da campanha eleitoral", salientou.
"Escolher os melhores"
Já o candidato do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel, manifestou a sua satisfação pelo dia de hoje, ato que vai normalizar o processo democrático angolano.
"E escolhermos os melhores, para poderem conduzir este país, que achamos que deve aprofundar a sua democracia, devolver a dignidade aos cidadãos angolanos e ter uma governação com transparência e sobretudo devolver a vida justa para os angolanos", disse Benedito Daniel, a concorrer pela primeira vez numa eleição.
"Gostamos da organização"
João Lourenço, o cabeça-de-lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde a independência), votou cerca das 09:30 na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, no bairro Mártires do Kifangondo, em Luanda.
Surgiu - como habitualmente - rodeado de fortes medidas de segurança, muita polícia e elementos do corpo de segurança pessoal. Ao longo da avenida Ho Chi Minh, em intervalos regulares, vários militares armados controlavam com o olhar, de longe.
À entrada do edifício, Lourenço manteve o mesmo tom contido: apelou ao voto hoje de todos os angolanos, mostrou-se agradado com a forma como está a decorrer ato eleitoral. "Gostamos da organização. Não tem grandes filas e o ato foi simples e rápido. Acredito que é assim em todas as assembleias de voto em Angola", disse João Lourenço à porta da Faculdade de Direito.
Quartas eleições
Angola realiza hoje as suas quartas eleições, às quais concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).
A Comissão Nacional Eleitoral de Angola constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, algumas a serem instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, estando 9.317.294 eleitores em condições de votar.
A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).