Centenas de mercenários do grupo Wagner chegaram à RCA
16 de julho de 2023Várias centenas de mercenários "experientes" do grupo Wagner chegaram à República Centro-Africana (RCA) para garantir a realização de um referendo a 30 de julho, informou este domingo (16.07) um grupo privado russo ligado àquela formação paramilitar.
O país africano, onde os mercenários Wagner já estão a apoiar o Governo no combate aos rebeldes, vai votar uma alteração constitucional que poderá permitir ao Presidente Faustin Archange Touadera candidatar-se a um terceiro mandato.
"Chegou a Bangui mais um avião com instrutores para trabalhar na República Centro-Africana", declarou a Comunidade de Oficiais para a Segurança Internacional (COSI), na rede social Telegram.
"A rotação prevista continua. Várias centenas de profissionais experientes da companhia Wagner juntam-se à equipa que trabalha na República Centro-Africana", diz o comunicado.
"Os instrutores russos continuarão a ajudar os soldados das forças armadas centro-africanas a garantir a segurança em antecipação ao referendo constitucional previsto para 30 de julho."
Juntamente com o comunicado, o COSI publicou uma fotografia que mostra pelo menos trinta pessoas mascaradas e com uniforme militar em fila, no que parece ser uma pista de aterragem de um aeroporto.
Atividade em África continua após motim
Segundo os Estados Unidos, a COSI é uma empresa de fachada do grupo Wagner na RCA. É dirigida pelo russo Alexandre Ivanov, que foi alvo de sanções norte-americanas em janeiro.
No comunicado, o COSI declara que os seus instrutores estão a treinar as forças de segurança centro-africanas há "mais de cinco anos" e que ajudaram, assim, a "melhorar o nível geral de segurança" no país.
Nas últimas semanas, várias fontes estrangeiras afirmaram que os mercenários do grupo Wagner estavam a abandonar a RCA, o que foi firmemente desmentido pelo Governo.
O futuro do grupo paramilitar privado liderado por Yevgeny Prigozhin é incerto, depois de ter lançado um breve motim contra o Governo do Presidente russo Vladimir Putin, a 23 e 24 de junho.
Os mercenários ocuparam instalações do exército russo e avançaram em direção a Moscovo, antes de se retirarem ao abrigo de um acordo estabelecido com Putin e mediado pelo líder bielorrusso Alexander Lukashenko, cujos pormenores permanecem por esclarecer.
No entanto, as suas atividades no estrangeiro, nomeadamente na Síria e em vários países africanos, não foram publicamente postas em causa. Logo após o anúncio do fim do motim, Bangui declarou que as atividades da Wagner "continuariam".