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"População moçambicana está a pagar uma fatura muito cara"

Leonel Matias (Maputo)
8 de dezembro de 2017

Organização dos Trabalhadores Moçambicanos-Central Sindical apelou ao FMI e outros parceiros internacionais para retomar a cooperação com o país, sublinhando que as populações estão a pagar uma fatura muito cara.

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Mosambik - Delegationen IWF- und OTM Mosambikanische Arbeitnehmerorganisation
Encontro entre delegações do FMI e da OTM-CSFoto: DW/L. Matias

A Organização dos Trabalhadores Moçambicanos-Central Sindical (OTM-CS) defendeu esta sexta-feira (08.12.) que a suspensão da ajuda dos parceiros internacionais ao país, na sequência da descoberta de dívidas ocultas em abril de 2016 tem que terminar. E o Secretário-Geral da organização, Alexandre Munguambe explica porquê: "Esta situação não está a castigar o Governo moçambicano, mas está a castigar a população do país, cujas condições de vida se deterioram dia após dia".

Segundo Munguambe, a OTM-CS reiterou esta sexta-feira num encontro com uma missão de alto nível do Fundo Monetário Internacional (FMI) de visita ao país até 17 de dezembro, o seu posicionamento de que não deve ser o contribuinte e trabalhador moçambicano a pagar a dívida comercial.

FMI acolheu bem as preocupações da Central SindicalAlexandre Munguambe disse a DW África que a missão do FMI acolheu bem esta e outras preocupações apresentadas pela Central Sindical mas deixou claro que "eles dizem que precisam de esclarecimentos convincentes da dívida como foi contraída, o que se fez com o dinheiro, porque há algumas zonas de penumbra que o Governo tem que esclarecer. E eles acreditam que sim vão retomar a cooperação com o Governo de Moçambique. Penso que daqui a um ano talvez voltem a ter programas com o Governo de Moçambique."

Mosambik - Alexandre Muguambe - Generalsekretär OTM
Alexandre MunguambeFoto: DW/L. Matias

A delegação do FMI ao encontro, que era constituída pelo chefe da missão de alto nível da organização de visita ao país, Michel Lazare, e o representante daquela instituição da Bretton Woods em Moçambique Ari Aisen, escusou-se a falar aos jornalistas sobre o encontro, limitando-se a afirmar que se tratava de um contacto privado.

Ainda durante o encontro, a Central Sindical apresentou outras preocupações, segundo o Secretario-Geral da organização. "Entendemos que o custo de vida está bastante alto, que era preciso que se permitisse o melhoramento da situação salarial dos trabalhadores, que era preciso também que se tivesse em conta a questão de se apostar na agricultura empresarial e familiar para reduzir as importações."

Mosambik - Michel Lazare (IWF) und Ari Aisen IWF-Vertreter in Mosambik
Michel Lazare e Ari AisenFoto: DW/L. Matias

Incerteza no cenário económico e social

A leitura que a Central Sindical moçambicana faz sobre o atual cenário económico e social é de elevada incerteza onde as populações vivem num ambiente de permanente insegurança sobre o futuro, insuficiência de recursos financeiros para o Estado prover bens e serviços públicos às populações e indisponibilidade de bens alimentares. Menciona ainda o elevado custo para o serviço da divida doméstica, deterioração das condições laborais dos trabalhadores, precarização do emprego e elevado índice de contaminação de doenças endémicas, entre outras.A Central Sindical diz que com vista a contribuir para a melhoria da situação económico-social do pais vai continuar a realizar ações com destaque para a melhoria do ambiente de negócios, interação escola/mercado de trabalho, literacia jurídico/laboral e politicas de desenvolvimento.

FMI/Sindicato Moçambicano - MP3-Mono

Recorde-se, que o FMI e o grupo de 14 doadores para o Orçamento de Estado moçambicano suspenderam em 2016 as transferências na sequência do escândalo das dívidas ocultas de três empresas públicas.

O ministro das Finanças, Adriano Maleiane, anunciou recentemente que o país precisa de retomar os apoios internacionais e que está a trabalhar para dar as respostas que faltam sobre o destino dos dois mil milhões de dólares de empréstimos ilegalmente obtidos com garantias soberanas.

 

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