Central sindical reclama melhor governação na Guiné-Bissau
3 de agosto de 2021Durante a marcha convocada pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), os manifestantes passaram pelo Porto de Pindjiguiti, para depositar coroas de flores em memória das vítimas do massacre de 3 de agosto de 1959.
O percurso dos manifestantes terminou em frente à sede da UNTG, com a intervenção do secretário-geral da central sindical, Júlio Mendonça, que voltou a reprovar a atuação do Governo liderado por Nuno Nabiam.
"A atuação do atual Governo comprova claramente que os valores e conquistas da luta de libertação [nacional] foram completamente beliscados pela classe política guineense. Não existe respeito escrupuloso pelo princípio da legalidade, pela liberdade de expressão e de manifestação. O ataque à nossa sede [no dia 14 de julho, pela polícia] ilustra claramente o desrespeito total do princípio da legalidade e a atuação arbitrária deste Executivo."
A UNTG boicotou o evento oficial em memória do massacre de Pindjiguiti, levado a cabo pela polícia colonial portuguesa há 62 anos.
No ato oficial, o secretário de Estado dos Transportes, Augusto Gomes, que falou em nome do primeiro-ministro, deixou uma promessa: "Temos responsabilidades, enquanto governantes, de modernizar o trabalho, modernizar o nosso sistema de saúde e de educação e modernizar a nossa forma de governar. Devemos saber antecipar os problemas que afetam a sociedade, saber evitar as greves, através de diálogo franco e honesto, à volta da mesa."
É hora de "mudar a governação"
Para o secretário-geral da UNTG, está na hora de mudar a governação do país, porque a população está extremamente insatisfeita. Júlio Mendonça volta a acusar o Governo de ser o único no mundo que, em plena pandemia, agravou os impostos aos cidadãos.
"Não basta criar expetativas ao nosso povo, o importante é mudar o paradigma da governação, que implica rigor na gestão da coisa pública, organização da administração pública, cumprimento escrupuloso do princípio da legalidade e combate severo à corrupção, que compromete o processo de desenvolvimento e criação do bem-estar do nosso povo."
Para o sociólogo Infali Donque, o Governo deve tomar medidas concretas para garantir justiça social, porque "isso vai contribuir enormemente para a estabilização da sociedade, criando condições para o acesso aos bens essenciais e aos hospitais em condições."