Chade vai às urnas após três anos de regime militar
29 de dezembro de 2024As assembleias de voto estarão abertas das 6h00 às 18h00 locais para acolher os cerca de oito milhões de eleitores inscritos, acompanhados por uma centena de observadores estrangeiros e representantes de diferentes partidos políticos.
Tal como nas eleições anteriores, soldados e os membros das forças policiais começaram a votar no sábado.
A votação tem como pano de fundo os ataques recorrentes do grupo jihadista Boko Haram na região do Lago Chade, o fim do acordo militar com a França e acusações de que o Chade está a interferir no conflito que assola o vizinho Sudão.
O Governo de Mahamat Idriss Déby Itno apresentou estas eleições como uma etapa fundamental na transição para o regime democrático.
Itno, de 40 anos, assumiu o poder em 2021 após a morte do seu pai, Idriss Deby Itno, que tinha governado o país com mão de ferro durante três décadas.
O jovem ganhou então um mandato de cinco anos nas disputadas eleições de maio.
As últimas eleições legislativas no Chade aconteceram em 2011, mas várias votações posteriores foram adiadas devido a ameaças jihadistas, dificuldades financeiras e à epidemia de COVID-19.
Um parlamento de transição com 93 membros foi escolhido e instalado por decreto presidencial em 2021.
Oposição denuncia desaparecimento de boletins de voto
A oposição denunciou o desaparecimento de milhares de boletins de voto.
No sábado à noite (28.12), o Partido Democrático do Povo Chadiano (PDPT, oposição) denunciou o desaparecimento de mais de mil boletins de voto destinados à subprefeitura de Bongor, no sul do país.
O movimento apelou à vigilância para “frustrar as redes de fraude” que disse terem sido implementadas pela partido no poder, o Movimento Patriótico de Salvação (MPS), e pela Agência Nacional de Gestão Eleitoral (ANGE).
A votação está a ser boicotada pelos principais partidos da oposição.
“É melhor ficar em casa”, disse no sábado uma das figuras da oposição, Succès Masra, numa transmissão na rede social Facebook, em que denunciou um “sistema construído sobre mentiras e roubo eleitoral”.
“Os resultados fabricados já estão nos computadores”, disse Masra, acusando o governo de já ter “fabricado resultados falsos” para as eleições presidenciais de maio.
Apesar das tentativas do partido no poder para suscitar entusiasmo, os boletins de voto estão a ser distribuídos num clima de quase apagão noticioso, devido a uma greve dos jornalistas que protestam contra as restrições que lhes são impostas.
A imprensa privada do país não cobrirá o dia das eleições porque o Governo se recusou a fornecer os subsídios que normalmente são pagos para este tipo de evento.