Cheias em Moçambique: Engenheiros pedem soluções rápidas
17 de fevereiro de 2015A ponte sobre o rio Licungo, em Mocuba, na província central da Zambézia, desabou, impedindo a ligação ao norte do país. Engenheiros civis e arquitetos criticam o Governo moçambicano por não ter soluções rápidas na reposição das infraestruturas destruídas pelas cheias.
O engenheiro Carmo Vaz diz que o Executivo deve abandonar o discurso de "estamos preparados para as cheias", quando na verdade mostra fragilidades. O ponto de partida, sublinha, tem de ser o de dizer claramente "que isto não é aceitável".
Carmo Vaz entende que o Governo já devia ter aprendido a lição. É preciso ter uma resposta à altura, "se queremos que os efeitos dramáticos a que assistimos este ano sejam muito menos dramáticos nas cheias que vão voltar a ocorrer e provavelmente até serão mais sérias", tendo em conta o atual cenário de mudanças climáticas, alerta o engenheiro.
Pontes militares: uma solução?
O arquiteto José Forjaz diz que é preciso repor, o mais depressa possível, a ponte sobre o rio Licungo, na província central da Zambézia. "Precisamos de ser mais visionários. O caso das pontes é sintomático", lembra.
José Forjaz, que é também entendido em matéria de engenharia militar, diz que uma das saídas para este cenário pode ser a aquisição, pelo setor das obras públicas, de pontes Bailey, "pontes militares que se lançam de uma margem para a outra em horas", explica.
"Conheço-as bem e sei que é possível. Não são muito caras e, além disso, são desmontáveis. Penso que já há algumas no país, mas não ouvi falar nelas", acrescenta José Forjaz.
Feliciano Jorge, outro engenheiro, diz que, a médio e longo prazo, será preciso organizar as estruturas das obras públicas do Estado para lidar com este problema.
"A estruturação da administração pública deve ser feita de modo a que este assunto seja colocado nas prioridades e não seja assunto de mitigação quando ela ocorre", sublinha. Para tal, observa, todas as estruturas estejam preparadas e organizadas para enfrentar isso.”
ANE assume críticas
Atanásio Mugunhe, diretor-geral da Administração Nacional de Estradas (ANE), assume as críticas. "Tomamos nota da observação segundo a qual a reposição do trânsito na Estrada Nacional Número 1 (N1), na zona de Mocuba, tinha de ser muito rápida, em menos de quatro ou cinco dias ou em menos de uma semana", declarou.
Atanásio Mugunhe confirma a existência de pontes militares no país, mas esclarece que neste momento não existe um stock dessas pontes. "Para este tipo de intervenção é preciso fazer um levantamento e avaliar o comprimento do vão que foi aberto e verificar se esta solução é viável ou não", sublinha.
A União Europeia (UE) desembolsou mais de dez milhões de euros para financiar a reposição rápida da ponte sobre o rio Licungo, na Zambézia.