Bali: Declaração final do G20 condena guerra na Ucrânia
16 de novembro de 2022A maioria dos membros do G20 "condenou veementemente a guerra na Ucrânia" e salientou as devastadoras consequências humanas e económicas globais do conflito, dá conta a declaração conjunta da cimeira de Bali, divulgada esta quarta-feira (16.11).
Apesar deste não ser "o fórum mais apropriado para resolver questões de segurança", lê-se na declaração final do G20, a guerra na Ucrânia ofuscou a cimeira em Bali, principalmente após as explosões desta terça-feira na Polónia, que causaram dois mortos.
A declaração final do encontro salienta que existiram "outras posições" sobre a situação na Ucrânia e que os líderes entendem que o tempo atual "não deve ser uma era de guerra". O G20 considerou igualmente que a "utilização ou ameaça de utilização de armas nucleares é inaceitável", segundo a agência francesa AFP.
"A resolução pacífica dos conflitos e os esforços para enfrentar as crises, juntamente com a diplomacia e o diálogo, são vitais", lê-se na declaração.
No comunicado conjunto, os líderes mundiais dizem ser necessário "defender o direito internacional" e "salvaguardar a paz e a estabilidade", incluindo os princípios humanitários e a proteção de civis e infraestruturas em conflitos armados.
Putin está mais isolado, diz Scholz
Numa conferência de imprensa realizada à margem da cimeira do G20, o chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou que um dos resultados do G20 é o reforço do isolamento do Presidente russo, Vladimir Putin.
"Tenho certeza de que um resultado desta cimeira é que o Presidente russo está, com sua política, quase sozinho no mundo", disse.
A Rússia, que é um dos membros do G20, juntamente com Estados Unidos, China e União Europeia, tem sido acusada pela Ucrânia de atacar civis e infraestruturas vitais de energia.
O G20 referiu-se igualmente ao "imenso sofrimento humano" e aos problemas globais causados pela guerra em termos de abastecimento energético, segurança alimentar e riscos de instabilidade financeira.
O texto, segundo a EFE, foi aprovado após árduas negociações, principalmente devido à relutância da Rússia.
Inflação
Outro dos temas que consta na declaração final da cimeira de Bali é o forte aumento dos preços registado este ano.
"Os bancos centrais do G20 estão firmemente empenhados em alcançar a estabilidade dos preços", afirma a declaração conjunta do G20, na qual os líderes e os bancos centrais se comprometem a melhorar a coordenação e comunicação para fazer ajustamentos às políticas monetárias a fim de "estabilizar" a inflação global desenfreada.
"Estamos empenhados em mitigar as repercussões negativas para apoiar um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo", afirma a declaração, observando que, para o conseguir, as entidades credoras procuram adotar "políticas bem calibradas, bem planeadas e bem comunicadas para apoiar uma recuperação sustentável, com a devida consideração pelas circunstâncias específicas de cada país".
A maioria dos principais bancos centrais empreendeu este ano numa retirada dos estímulos económicos na sequência da pandemia da covid-19, que se traduziu num aumento da inflação em conjunção com o impacto da guerra na Ucrânia e outras tensões geopolíticas.
Segurança alimentar
No que toca à segurança alimentar, os líderes comprometeram-se a "tomar medidas urgentes para salvar vidas, prevenir a fome e a desnutrição", com foco nos países mais vulneráveis, e apelaram a uma transformação para uma agricultura sustentável.
No mesmo documento, o grupo promete "tomar ações coordenadas para enfrentar os desafios da segurança alimentar, incluindo o aumento dos preços e o défice global de matérias-primas e fertilizantes", embora ainda não tenha apresentado medidas concretas.
De facto, uma das possibilidades contempladas, que era acertar em Bali a prorrogação do acordo adotado em julho para libertar cereais e fertilizantes russos e ucranianos, que expira em 19 de novembro, não se concretizou.
A declaração apenas enfatiza a "importância de sua implementação contínua por todas as partes relevantes".