CIP questiona argumento da guerra na subida dos combustíveis
24 de março de 2022"O 'stock' que está atualmente a ser vendido no mercado foi adquirido ao custo anteriormente em vigor, que é inferior ao atual", refere o CIP, numa análise sobre o aumento do preço do crude no país.
Os moçambicanos, prossegue, podem estar a pagar mais por combustíveis adquiridos a um custo muito mais baixo.
"Há ganhos extraordinários dos intervenientes de toda a cadeia de venda, em prejuízo do povo e com anuência do Governo", acusa a organização não-governamental (ONG) moçambicana.
A ONG considera que um agravamento no custo dos combustíveis em Moçambique devia acontecer em meados de abril, uma vez que as autoridades anunciaram no início deste mês que o país dispunha de quantidades suficientes para 30 dias, importadas antes da invasão russa da Ucrânia.
Medidas de mitigação sem grande efeito
O CIP nota que as medidas de mitigação do custo dos combustíveis anunciadas pelo Governo nas vésperas do agravamento do preço destes produtos não surtiram um efeito significativo.
Espera-se, continua o CIP, que "o Governo informe aos moçambicanos qual será a sua estratégia, quando os preços internacionais reduzirem", porque as "medidas implementadas para mitigar o impacto do aumento não têm sido muito efetivas na redução dos custos dos combustíveis, tendo, ao contrário, causado um aumento de 12%".
O CIP defendeu um fundo de estabilização para amortecer os choques externos negativos visando minimizar os impactos do agravamento de preços na população.
"Existindo um fundo, conforme se percebe pelas medidas anunciadas, não ficou claro como o Governo usa este fundo para minimizar os efeitos da subida dos preços internacionais na presente crise e nas anteriores", lê-se no texto.
Novos preços
A Autoridade Reguladora de Energia (Arene) de Moçambique anunciou há uma semana novos preços dos combustíveis, apontando a alta do crude no mercado internacional como razão do aumento.
De acordo com a nova tabela, o preço do litro da gasolina sobe de 69,94 meticais (0,99 euros) para 77,39 meticais (pouco mais de um euro), o litro do petróleo de iluminação aumenta de 47,95 meticais (0,68 euros) para 50,16 meticais (0,71 euros) e o de gasóleo passa de 61,71 meticais (0,88 euros) para 70,97 meticais (pouco mais de um euro).
O quilo do gás de cozinha (GPL) passa de 71,2 meticais (mais de um euro) para 80,49 (1,1 euros) e o gás natural veicular (GNV) aumenta de 32,69 meticais (0,45 euros) para 37,09 meticais (0,52 euros).