Classe política angolana "está velha"
16 de maio de 2018Angola tem um novo Presidente e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder há mais de 40 anos) deverá ter, a partir de setembro, um novo líder: João Lourenço. Mas vários jovens e analistas angolanos consideram que as mudanças não devem ficar por aqui.
A classe política angolana "está completamente velha" e tem de ser renovada, defendeu esta terça-feira (15.05) Mfuka Muzemba, ex-deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) num debate organizado pela Plataforma Juvenil para a Cidadania, uma organização da sociedade civil que se dedica a questões relacionadas com a vida da juventude.
"Era importante que a saída do Presidente José Eduardo dos Santos significasse algum caminho que privilegiasse a transição política. É preciso renovar a nossa classe política", afirmou Mfuka Muzemba.
Novos desafios
Segundo o antigo secretário nacional da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), braço juvenil da UNITA, para uma verdadeira transição política é necessária uma nova geração de políticos comprometidos com os interesses da nação. Muzemba diz que os "mais velhos" da política angolana já não estão preparados para os desafios que se avizinham.
"Não estamos a falar sobre titulares de órgão. Estamos a falar sobre a renovação de uma classe política, porque essa classe política já nos mostrou que nunca está a altura dos grandes desafios da nação. E é preciso renovar, porque basta ver o estado em que deixam o país."
Melhor educação e mais espaço para jovens
A maior parte das duas dezenas de pessoas que estiveram no debate promovido pela Plataforma Juvenil para a Cidadania concordou com a necessidade de renovar a classe política.
Uma das preocupações levantadas na discussão tem a ver com o tipo de jovem que está a ser preparado para assegurar essa "transição política". Para o estudante Jorge Mendes, é fundamental melhorar a qualidade do ensino para formar os líderes de amanhã.
"Para olhar para o tipo de jovens que temos atualmente, temos de olhar para o modelo de formação no país - a forma como os detentores do poder político prestam atenção à questão da formação. Hoje temos escolas com certas debilidades no processo de ensino e educação, temos universidades sem laboratórios", comenta.
Miguel Filipe, membro da Juventude Patriótica de Angola, braço juvenil da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), alerta que os jovens devem procurar encontrar já o seu próprio espaço.
"A juventude deve saber-se impor. E é nesse espaço de cidadania que poderemos galvanizar e levar a bom porto os destinos da nação", frisou.