CNE desvaloriza "fraudes" após sufrágio tranquilo na Guiné-Bissau
18 de março de 2012Às 7 horas da manhã, na Avenida Amílcar Cabral, em frente à Assembleia Nacional guineense, nas mesas de voto, ao ar livre, já se faz fila para fazer a cruzinha no boletim de voto.
Os eleitores fazem a sua escolha por detrás de uma cabine de voto de cartão e depois colocam o voto dobrado numa urna de plástico transparente. Em seguida, o dedo indicador é mergulhado em tinta indelével. Este é o procedimento que foi repetido, ao longo deste domingo (18.03), pelos cerca de 600 mil eleitores guineenses.
Às 11:25, foi a vez do eleitor número 413, o candidato Carlos Gomes Júnior, atual primeiro-ministro guineense. Acompanhado pela mulher e no meio de uma enorme confusão de jornalistas e populares, Carlos Gomes Júnior, o candidato oficial do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), de que é presidente, disse estar “plenamente confiante” numa vitória à primeira volta.
O rival mais sério de Carlos Gomes Júnior, ou Cadogo, como é conhecido na Guiné-Bissau, poderá surgir no interior do seu próprio partido. Serifo Nhamadjo, presidente interino da Assembleia Nacional, e Baciro Djá, ministro da Defesa, ambos membros do PAIGC, concorrem como independentes nesta eleição e poderão roubar votos à candidatura oficial.
Após ter votado Serifo Nhamadjo afirmou estar também confiante na sua vitória: “como cidadão livre que exerceu o seu direito de voto e como candidato que será eleito presidente da República da Guiné-Bissau – é assim que me sinto hoje”, confessou o candidato.
O ex-presidente Kumba Ialá, conhecido pelo seu barrete vermelho, que conta habitualmente com apoio da etnia balanta, poderá também ser um dos nomes a disputar uma eventual segunda volta. Embora alguns analistas acreditem que a influência de Kumba, que em 2009 disputou a segunda volta com o falecido presidente Malam Bacai Sanhá, entrou em declínio.
Henrique Rosa está em melhor posição para explicar “fraudes”, diz CNE
Outro dos nomes fortes na corrida à presidência é o candidato independente e ex-presidente interino Henrique Rosa. Após ter votado, Rosa disse ter informações de que haveria “fraudes por todo o país”. Acusações que o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, Orlando Viegas, desvalorizou.
Até este momento, a CNE não teve conhecimento de elementos que indiciam a fraude: “O candidato Henrique Rosa (…) poderá responder sobre essa questão. Até este momento, não temos nada que nos indicie fraude. Ele é livre, é candidato, pode pronunciar-se. Se calhar ele estará em melhores condições de poder responder a esta questão”.
Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: Glória Sousa / Renate Krieger