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Greta Thunberg: "Como é que se atrevem?"

nn | Lusa | AFP | Reuters
24 de setembro de 2019

Ativista sueca de 16 anos diz que líderes mundiais só falam de dinheiro e contos de fadas enquanto ecossistemas inteiros entram em colapso. Greta Thunberg e outros 15 jovens vão processar cinco países por inação.

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Foto: Reuters/C. Allegri

Dezasseis jovens, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, vão processar cinco países signatários da Convenção dos Direitos das Crianças pelo fracasso na luta contra as alterações climáticas. O anúncio foi feito esta segunda-feira (23.09) em Nova Iorque à margem da Cimeira da Ação Climática das Nações Unidas. A ação judicial tem como alvos a Alemanha, França, Argentina, Brasil e Turquia.

Num discurso emocionado durante a cimeira, Thunberg criticou os "contos de fadas" dos líderes mundiais, acusando-os de inação na defesa do meio ambiente.

"Eu não deveria estar aqui", afirmou Thunberg. "Eu deveria estar na escola do outro lado do oceano. No entanto, todos vocês vêm ter connosco, jovens, em busca de esperança. Como se atrevem a fazê-lo?"

"Vocês roubaram os meus sonhos e a minha infância com as vossas palavras vazias e, mesmo assim, eu estou entre os sortudos. Há pessoas em sofrimento. Há pessoas a morrer, ecossistemas inteiros estão a entrar em colapso. Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que vocês falam é sobre dinheiro e contos de fadas do eterno crescimento económico. Como é que se atrevem a fazê-lo?", questionou a ativista.

USA | Global Climate Strike in Washington
Marcha de jovens pelo clima em Washington no domingo, 22 de setembroFoto: Getty Images/S. Corum

"O tempo está a esgotar-se"

Enquanto decorria a cimeira em Nova Iorque, ativistas bloqueavam vários pontos da capital Washington para denunciar a crise climática.

Num discurso durante a Cimeira da Ação Climática, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou os líderes mundiais para um planeta em fúria: "A natureza está chateada. E enganamo-nos se pensamos que podemos enganar a natureza."

"É minha obrigação, e nossa obrigação, fazer tudo para parar a crise climática antes que ela nos pare a nós. O tempo está a esgotar-se, mas ainda não é tarde", disse Guterres.

Pensada para dar fôlego ao Acordo de Paris, a cimeira convocada pelo secretário-geral da ONU já deu frutos: pelo menos 77 países subscreveram o princípio da neutralidade carbónica até 2050.

UN-Klimagipfel New York | Angela Merkel & Greta Thunberg
Chanceler alemã Angela Merkel com a jovem ativista sueca Greta ThunbergFoto: Reuters/Steffen Seibert/Bundesregierung

Alemanha, França e Rússia

A chanceler alemã Angela Merkel foi uma das figuras presentes na reunião e prometeu encetar novos esforços no combate ao aquecimento global.

"Internacionalmente, aumentaremos o nosso financiamento para a proteção climática global de dois para quatro mil milhões de euros. Em particular, atribuiremos 1,5 mil milhões de euros ao Fundo Verde para o Clima", anunciou Merkel. "Estamos a trabalhar em políticas seguras para o clima. Estamos ativos nessa matéria há vários anos e continuaremos a fazê-lo pela proteção das florestas."

A Rússia assinou entretanto uma resolução governamental que consagra a adesão definitiva ao Acordo de Paris. O feito mereceu a reação do Presidente francês Emmanuel Macron, que anunciou novos programas de proteção das florestas tropicais e o fim das centrais a carvão em França até 2022.

Greta Thunberg: "Como é que se atrevem?"

"Estou muito satisfeito por termos recebido as boas notícias sobre a ratificação do Acordo de Paris pela Rússia. Essa é uma notícia maravilhosa. Acho que isto é digno de aplausos", disse Macron.

Nas Nações Unidas, mas por videoconferência, o Papa Francisco pediu uma "verdadeira vontade política" para enfrentar as alterações climáticas.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma aparição surpresa durante alguns minutos, mas não interveio.

A Assembleia Geral das Nações Unidas reúne a partir desta terça-feira (24.09) em Nova Iorque. O mundo permanece de olhos postos no combate às alterações climáticas, com o Presidente do Brasil a levar a Amazónia na agenda. Jair Bolsonaro abre o debate geral.

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