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Conselho de Administração da LAM foi demitido

5 de julho de 2018

Acionistas das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) exoneraram os membros do Conselho de Administração da empresa, avança imprensa. LAM não tem dinheiro para abastecer os seus aviões e maioria dos voos está a ser cancelada.

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Mosambik Flugzeug der Fluggesellschaft LAM
Foto: DW/J. Beck

Há cerca de uma semana que a LAM, Linhas Aéreas de Moçambique, está um caos. Centenas de passageiros tem ficado em terra devido a falta de combustível. A companhia aérea nacional não tem dinheiro para comprar a matéria prima fundamental para o seu funcionamento.

E como a LAM não honrava os compromissos com os fornecedores, hoje só consegue o bem a pronto pagamento. A dificuldade no pagamento foi assumida pela própria empresa num comunicado emitido nesta quarta-feira (04.07.).

Contactamos a LAM e a resposta do assessor de comunicação, Norberto Mucopa, foi a seguinte: "Neste momento temos os nossos executivos reunidos com os acionistas [em busca] de uma solução e não lhe posso dizer nada antes do encontro terminar, para ver o que é conclusivo."

Regulador garante que segurança não está em perigo

LAM na sua fase agonizante

Tecnicamente é possível que uma companhia nessas condições continue a operar? Colocamos a questão ao diretor do órgão regulador, o Instituto Nacional de Aviação de Moçambique (IAMC). E o comandante João Abreu esclarece antes que "há dois aspetos que devem ser divididos: primeiro, um aspeto que possa afetar a segurança operacional e segundo, um aspeto de contratos de serviços com outra entidade."

E Abreu distancia-se no seguinte ponto: "Nós não sabemos exatamente os contornos, só a LAM poderá dizer", mas garante, no que lhe diz respeito: "O que nós acautelamos é que, sob o ponto de vista operacional está tudo acautelado, que não há nenhum perigo que possa afetar a segurança do voo. Se a LAM tem alguma questão com as gasolineiras, que são apenas duas em Moçambique, isso só ela é que pode responder."

O diretor do IACM promete: "E se nós sentirmos indícios que possam afetar a segurança logicamente que suspendemos o certificado do operador."

LAM deve continuar a funcionar, defende economista

Alfredo Mondlane mosambikanischer Wirtschaftswissenschaftler
Alfredo Mondlane, economista moçambicano Foto: privat

Há anos que a LAM vive crises, a pior delas financeira que se vai agudizando a cada dia. A empresa já passou pelas mãos de vários conselhos de administração, mas parece que a solução não passa apenas pela competência dos gestores.

Só a falta de combustível leva qualquer cérebro a concluir que a LAM não conseguirá fazer jus ao seu lema "estamos sempre a subir". Perguntámos ao economista Alfredo Mondlane se faz sentido que uma empresa em situação tão decadente como a LAM insista em funcionar: "Em termos sociais, sim, faz sentido, porque é a nossa bandeira. Não podemos deixar de transportar os nossos concidadãos moçambicanos."

Mas o economista sublinha quer "o mais importante é que haja um plano de curto, médio e longo prazos para que a LAM saia desse buraco financeiro. É preciso que haja reestruturações internas, racionalização de custos e garantir transparência na gestão da empresa para evitar essa fuga de capital interno."

Mondlane lembra que também há quem penalize a LAM: "Parece-me, segundo informações, a LAM vai atribuindo bilhetes sem haver cobrança desses bilhetes. Há clientes que não pagam a LAM e em contrapartida a LAM acaba ficando com dificuldades na sua liquidez, porque também tem faturas por pagar."

Deutschland Manuel de Araújo, Burgermeister von Quelimane, Mosambik bei der DW in Bonn
Manuel de Araújo, edil de Quelimane e cliente da LAMFoto: DW/R. Loureiro

Também há problemas técnicos

Entretanto, o caos que se vive na companhia aérea nacional não se deve apenas a falta de combustível. Manuel de Araújo, edil de Quelimane e utilizador dos serviços da LAM, conta a história que viveu nesta segunda-feira (02.07.), devido a problemas técnicos, segundo lhe foi Informado.

"Foi uma situação bastante constrangedora, o voo Maputo-Quelimane estava marcado para às 13:15 só saiu por voltas das 16 horas. E como no dia anterior o voo fora cancelado havia uma multidão de pessoas na sala de embarque e só no avião é que nos disseram que o voo passaria por Nacala", relata o passageiro.

E Araújo prossegue: "Chegados a Nacala o avião avariou e o mesmo aparelho já tinha avariado em Nacala dois dias antes. Ficamos duas horas dentro do avião e o piloto teve de se fazer de mecânico e fechar o motor, desligou todo o sistema, incluindo o ar condicionado e só depois de duas horas o avião pegou e nós arrancamos para Quelimane. E em Quelimane a mesma situação voltou a acontecer..."

*Artigo atualizado às 08:12 de 06 de julho de 2018 com a informação de que o Conselho de Administração da LAM foi exonerado.

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África
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