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Instituto de Aviação Civil diz que há segurança na LAM

30 de março de 2017

As Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) assustam os seus passageiros com frequentes problemas técnicos e operacionais. Mas o Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) nega que haja problemas de segurança.

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Avião da LAM, Linhas Aéreas de MoçambiqueFoto: DW/J. Beck

Só esta semana dois casos de supostos problemas técnicos com as aeronaves da LAM foram reportados por vários passageiros, inclusive em vídeos de revolta que circulam nas redes sociais. Um deles tem a ver com três supostas tentativas falhadas de descolagem no aeroporto de Maputo. Parte dos passageiros recusou-se a viajar no aparelho e pediu o rembolso do valor da passagem.

A DW África procurou o responsável pela companhia aérea nacional, António Abreu, para saber as origens desses constrangimentos. De forma cortês pediu: "Estou a acabar de chegar agora mesmo, estou no aeroporto e nem tenho carga no meu telefone. Desculpa, está bem? Ligue-me daqui a uma hora, por favor".

E uma hora depois o responsável da LAM não atendeu as chamadas da DW África. Falámos então com o Instituto de Aviação Civil de Moçambique, o órgão responsável que garante o respeito pelas normas de segurança dos voos.

IACM: rigor está na origem dos constrangimentos

ONLINE LAM - MP3-Mono

O seu responsável, João Abreu, nega os testemunhos dos passageiros: "O segundo dado de três tentativas de descolagem não corresponde a verdade."

E argumenta: "Fez-se a primeira tentativa do start, fez-se a segunda e houve a necessidade de se ir buscar os equipamentos de apoio, tanto quanto a nossa investigação apurou. E no momento que se ia buscar o equipamento a tripulação desembarcou os passageiros, o que é normal e acontece em todo o mundo, mas não houve descolagem abortada três vezes, isso não é verdade."

E ainda recentemente a porta do porão de um dos aparelhos supostamente abriu-se em pleno voo, o que também foi negado por Abreu. Este justifica que foi apenas um falso alarme.

Esses frequentes problemas aparentemente técnicos deixam os passageiros amedrontados. Eles acreditam que a transportadora aérea moçambicana não oferece segurança.

Mas João Abreu justifica que "o que está a acontecer neste momento, é que devido a um rigor que a autoridade da aviação civil tem vindo a aplicar, porque o nosso lema é segurança primeiro, nós exigimos [respeito] pelos padrões de segurança. Por isso não permitimos que aeronaves sejam despachadas com alguns equipamentos em que possa ser dispensável, especialmente quando o avião sai da base [Maputo]"

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Jorge VazFoto: DW

Credibilidade e responsabilidade da LAM

Não menos contestados são os exagerados atrasos e cancelamentos de voos. A maioria deles sem aviso e sem a devida assistência aos passageiros. Sónia Chambe conta a sua mais recente experiência com a LAM: "Tinha uma viagem marcada para Quelimane, antes de ontem (27.03). Primeiramente o voo estava marcado para às 17:45 e depois houve troca de hora, [passou] para às 19:40, cheguei ao aeroporto a essa hora e o voo foi novamente adiado para às 21:50. Só que até a meia-noite ainda não tínhamos apanhado o voo e sem que a LAM tivesse dado alguma informação. E só chegamos a Quelimane às 2 horas do dia seguinte."

E quanto ao seu regresso a Maputo, prevista para esta quinta-feira (29.03.), a passageira já recebeu a informação da LAM de dois adiamentos.

Jorge Vaz é outro passageiro que viveu semelhante situação em fevereiro, quando fazia a rota Maputo-Nampula. Ele revelou factos à DW África que põem em causa o profissionalismo e responsabilidade da companhia aérea nacional: "A uns minutos para o avião aterrar tivemos de ir para a Beira e depois fomos informados que desta cidade só podíamos voltar para Maputo para apanharmos um avião com destino a Nampula no dia seguinte. Aí quase que embargamos o avião e ele não partiu. E o piloto veio falar connosco, mas depois nem ele nem nós estávamos em condições de viajar. Então ficou cancelado o voo para o dia seguinte."

E o passageiro relata ainda o seguinte: "A justificação foi esquisita, disseram que não havia condições de aterragem. E o mais caricato é que chegaram ao ponto de nos perguntar se conhecíamos alguém que fosse responsável pela pista para ir acender as luzes. Uma companhia séria não pode fazer uma coisa dessas," concluiu.

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África