Estado angolano perde quase 24 mil milhões de dólares
11 de outubro de 2020O Presidente de Angola estima em 24 mil milhões de dólares os prejuízos causados ao país pela delapidação dos cofres do Estado angolano. O valor, que resulta dos processos de investigação patrimonial em curso no Serviço Nacional de Recuperação de Ativos da Procuradoria Geral da República de Angola, foi revelado por João Lourenço numa entrevista concedida, por correio eletrónico, ao diário norte-americano Wall Sreet Journal, e cuja primeira parte foi publicada este domingo (11.10), merecendo também um comunicado da Presidência da República de Angola.
João Lourenço, cuja primeira parte da entrevista ao jornal acaba de ser publicada, detalha que daquele montante 13.515 milhões de dólares foram retirados ilicitamente através de contratos fraudulentos com a petrolífera Sonangol (Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola), 5 mil milhões através da Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam) e Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama) e os restantes 5 mil milhões através de outros sectores e empresas públicas.
Relativamente aos números concretos do combate à corrupção e seus resultados, o Presidente de Angola fez saber, na sua extensa entrevista, que mais quatro mil milhões de dólares é o valor, até à data, dos bens móveis e imóveis apreendidos ou arrestados no país.
"Isto inclui bens como fábricas, supermercados, edifícios, imóveis residenciais, hotéis, participações sociais em instituições financeiras e em diversas empresas rentáveis, além de material de eletricidade e outros ativos", lê-se na notícia avançada pela Angop, que cita o Wall Street Journal.
Arresto de bens no exterior
O Presidente da República revelou ainda que o Serviço Nacional de Recuperação de Ativos da PGR solicitou às suas congéneres no exterior do país a apreensão ou arresto de bens e dinheiro no valor de cinco mil milhões, quatrocentos e trinta e quatro milhões e cem mil dólares (5.434.100.000,00), nomeadamente na Suíça, Holanda, Portugal, Luxemburgo, Chipre, Mónaco e Reino Unido, "lista que tende a alargar-se".
Na entrevista ao The Wall Street journal, o Chefe de Estado angolano precisou que o Estado recuperou, em dinheiro, dois mil milhões, setecentos e nove milhões e sete mil e oitocentos e quarenta e dois dólares e oitenta e dois cêntimos (2.709.007.842,82) e dois mil milhões, cento e noventa e quatro milhões, novecentos e noventa e nove mil e novecentos e noventa e nove dólares (2.194.999.999,00) em imóveis, fábricas, terminais portuários, estações de TV e Rádio, em Angola, Portugal e Brasil.
Ainda no especto económico, principal foco desta grande entrevista ao jornalista Benoit Faucon, João Lourenço assume que é sua previsão ter a Sonangol cotada em bolsas como a de Nova Iorque, Londres ou China, logo após a sua reestruturação.
Entretanto, na entrevista foram ainda abordados diversos outros temas, como o desafio da melhoria do ambiente de negócios em Angola e o interesse de grandes operadores petrolíferas pelo "off shore” angolano. Estes e muitos outros assuntos serão temas a abordar pelo Wall Street Journal em próximas edições.