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SaúdeGlobal

Covid-19: "Estamos numa corrida contra o tempo"

DW (Deutsche Welle) | com agências
28 de novembro de 2021

A presidente da Comissão Europeia diz que é preciso rapidez para analisar a nova variante Omicron, detetada na África do Sul, e entender se as vacinas permanecerão eficazes. Investigadores falam num "desastre anunciado".

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Capa de jornal em Pretória diz: "Nova variante da Covid-19 aqui"Foto: Denis Farrell/AP/picture alliance

Foi a África do Sul que soou o alarme sobre a nova variante do coronavírus, denominada Omicron. Muitos governos reagiram rapidamente fechando suas fronteiras aos viajantes oriundos da África Austral.

No aeroporto internacional da Cidade do Cabo, a frustração e a ansiedade é visível nos passageiros que tentam deixar o país às pressas devido às novas restrições impostas.

"Todos os voos estão cheios. Não temos ideia se vamos conseguir voltar para casa", contou uma passageira à DW. "É difícil não se entristecer, há muita incerteza, mas vamos esperar pelo melhor", disse outra viajante que tentava deixar a África do Sul.

A nova variante, batizada de Omicron, foi detetada na África do Sul, onde menos de 25% da população está totalmente vacinada. Na sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a variante gera preocupação.

Angola encerrou as suas fronteiras com sete países, nomeadamente, África do Sul, Botsuana, Eswatini, Malawi, Moçambique, Namíbia e Zimbabué. O Reino Unido restringiu viagens a partir de Angola e Moçambique

Sulfricanos com máscaras em shopping de Joanesburgo
Nova variante denominada Omicron foi detetada na África do SulFoto: Denis Farrell/AP Photo/picture alliance

"Corrida contra o tempo"

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse este domingo (28.11) que está em curso uma "corrida contra o tempo" para analisar a nova variante Omicron e entender se as vacinas devem ser adaptadas. 

"Sabemos que agora estamos numa corrida contra o tempo", disse Von der Leyen, apelando a todos para que adotem precauções a fim de dar aos cientistas tempo para analisar a nova variante. 

"Os cientistas e os laboratórios [farmacêuticos] precisam de duas a três semanas para ter um quadro completo das características das mutações nesta variante Omicron", acrescentou. "Temos de ganhar tempo", continuou, renovando apelos à vacinação, ao uso de máscaras e ao respeito do distanciamento social como medidas de segurança coletiva. 

Aeroporto internacional Tambo, Joanesburgo
No aeroporto internacional de Joanesburgo, passageiros tentam garantir assentos nos voos lotados que saem da África do SulFoto: Jerome Delay/AP/picture alliance

Desastre anunciado

Para investigadores ouvidos pela DW, a notícia de uma nova variante do coronavírus, potencialmente mais perigosa, era um desastre anunciado.

As mutações da Omicron podem torná-la mais contagiosa ou mais virulenta e afetar a eficácia das vacinas. E a variante está a se espalhar pelo mundo. A Alemanha já detetou três casos da doença e a Holanda, mais de dez.

"O que a ciência nos diz desde o início é que, se há grandes populações desprotegidas contra este vírus, ele vai sofrer uma mutação", disse David McNair, diretor-executivo de Política Global da organização ONE, que classifica o que estamosa ver como "uma tragédia".

"Armazenar vacinas, não financiar uma resposta conjunta global, tudo isso levou a esta situação. Infelizmente, os países da UE, América do Norte, Canadá e outros tinham o poder de mudar isso um ano atrás, mas optaram por não fazê-lo", acrescentou.

Paciente sulafricano recebe a vacina contra Covid-19
Apenas 25% da população da África do Sul, onde nova variante surgiu, está vacinadaFoto: SIPHIWE SIBEKO/REUTERS

África Austral "isolada"

Vários países restringiram a entrada em seus territórios de viajantes oriundos de países da África Austral, incluindo Moçambique e Angola.

Desde as 0 horas deste domingo, a Alemanha proíbe a entrada de quem vem de Moçambique, África do Sul e de mais seis países da SADC (Botsuana, Eswatini, Lesoto, Malawi, Namíbia e Zimbabué).

Em Portugal, os voos de e para Moçambique vão ser suspensos a partir das 0 horas desta segunda-feira (29.11), anunciou o Ministério da Administração Interna (MAI), impondo ainda quarentena a passageiros oriundos de um conjunto de países africanos.

"Agora o que vamos fazer é organizar voos, ou seja, promover a realização dos voos necessários para que cidadãos portugueses ou europeus e residentes em Moçambique que tenham de regressar a Portugal o possam fazer e, inversamente, cidadãos moçambicanos residentes em Portugal que queiram regressar ao seu país", explicou.

Infografik Impfung Afrika PT