Dívida: Covid-19 obriga mais países africanos a pedir ajuda
14 de fevereiro de 2021A diretora executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) alertou, este domingo (14.02), que o efeito económico da pandemia de covid-19 deverá obrigar mais países a recorrerem ao alívio da dívida junto dos credores privados internacionais.
"Os países africanos não têm as almofadas de resiliência que tinham em 2020", explicou Vera Songwe, admitindo que "provavelmente haverá mais países que vão optar pelo enquadramento da dívida do G20".
Numa entrevista citada pela Bloomberg, a também subscretária-geral das Nações Unidas disse que o recurso ao Enquadramento Comum para o Tratamento da Dívida para além da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) acontece porque os países africanos precisam de mais verbas para comprar as vacinas contra a covid-19.
Em janeiro, o Chade tornou-se o primeiro país africano a pedir alívio da dívida nos termos acordados em novembro pelo G20, que implica que quem receba uma moratória sobre a dívida oficial, isto é, a países e instituições financeiras, tem de pedir as mesmas condições ao setor privado.
Isto implica, de acordo com as agências de notação financeira, uma alteração aos termos acordados com os credores privados, o que configura, automaticamente, uma situação de Incumprimento Financeiro, ou 'default', porque o contrato original é alterado.
Depois do Chade, a Etiópia anunciou que ia abordar os credores privados, e a Zâmbia, que foi o primeiro país a entrar em 'default' ainda no ano passado, seguiu o exemplo.
Vera Songwe não especificou quais são os países que antevê que peçam uma reestruturação da dívida privada, mas disse que há nações menos equipadas para responder às exigências dos cidadãos e apontou que esses países são os que ficaram mais vulneráveis com a crise da pandemia.
O anúncio da Etiópia levou a uma subida dos juros exigidos pelos investidores para transacionarem os títulos de dívida, um sinal de que o mercado antevê um incumprimento financeiro, e a Fitch desceu o 'rating' deste país argumentando precisamente com a intenção de reestruturar os 'Eurobonds'.