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Moçambique: Empresas de construção civil sentem-se ameaçadas

11 de março de 2018

Quarenta por cento das empresas do ramo da construção civil estão à beira da falência, em tempos de crise no país. Empreiteiros apontam também o dedo à concorrência das empresas chinesas.

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Ponte Maputo-Catembe custou ao Governo moçambicano 700 milhões de dólares num financiamento do Exim Bank da ChinaFoto: DW/Romeu da Silva

O setor da construção civil é um dos que mais está a ser prejudicado pela crise económica e financeira que Moçambique enfrenta. A este cenário junta-se a concorrência das empresas chinesas que, por apresentarem opções de baixo custo, ganham muitas obras no país.

Na capital Maputo, a cada esquina erguem-se obras de grande envergadura. Trata-se de edifícios para escritórios, habitação e serviços de iniciativa privada. À primeira vista, estas obras criam oportunidades para os empreiteiros nacionais. Mas, no terreno, nota-se que elas são erguidas por empresas estrangeiras. Muitas destas construções são feitas por chineses que ganham concursos por terem opções de baixo custo. Este cenário só prejudica os empreiteiros moçambicanos.

O empreiteiro Lucas Barbosa refere que a solução para o problema é colocar as empresas moçambicanas a prestarem serviços, por exemplo, no setor da indústria extrativa: "É dar oportunidade de acesso as áreas de prospeção e pesquisa”, considera.

"Se entrarem num concurso com grandes empresas, estas têm mais vantagens do que as moçambicanas. As empresas moçambicanas aparecem com o seu asset, o título mineiro, e depois disso podem fazer parcerias com empresas que têm mais capacidades financeiras”, explica.

Para Lucas Barbosa, os empreiteiros devem estar preparados para ganharem concursos para a prestação de serviços, arranjando "condições técnicas e financeiras para, num prazo de três meses, iniciarem os trabalhos de prospeção e pesquisas nessas áreas”.

Moçambique: Empresas de construção civil sentem-se ameaçadas

"Naturalmente, aqueles que não tiverem capacidade financeira e técnica poderão associar-se às empresas grandes com essa capacidade para avançarem com o trabalho”, sublinha.

Problemas legais

Rogério Mambo, também empreiteiro, aponta para a melhoria do quadro legal. Antes, a lei protegia os empreiteiros nacionais para construírem edifícios habitacionais. Agora, nem por isso: "Na verdade, há uma fraca implementação ou ineficiência, senão desajustamento do quadro legal que orienta estas diferentes etapas das respostas que estamos à procura”, explica.

Rogério Mambo reconhece que os empreiteiros devem estar munidos de meios financeiros para ganharem concursos e executarem os trabalhos com eficiência. Mas não é fácil adquirir meios sem apoio do Governo ou da banca.

A solução, considera, passa "pela definição dos meios em função da sua eficiência e dos respetivos custos de aquisição e de exploração". "Quanto nos custam os meios e de onde vêm esses recursos?”, questiona.

Programas concretos

O pelouro da construção civil na Confederação das Associações Económicas, CTA, reconheceu que a situação está insustentável, e o responsável por este setor, Nelson Muianga, afirma que o problema "tem de ser revertido com programas concretos”.

"Não podemos deixar a nossa classe empresarial e a nossa indústria em particular cair porque fica difícil recuperar”, considera.

O porta voz da CTA atira culpas ao Governo e frisa que "as empresas de construção civil têm observado com regularidade o atraso no pagamento de facturas, criando problemas de cash flow e, como consequência, muitas empresas estão endividadas.”