Moçambique: Mangal em perigo
27 de fevereiro de 2018O Governo e especialistas em meio ambiente estão à procura de estratégias para aprimorar a preservação de mangais. Trezentos mil hectares de mangais estão a ser destruídos pelo Homem para dar lugar à construção de residências, além da retirada de estacas para venda.
O especialista em meio ambiente Salomão Bandeira adverte que devem ser tomadas medidas apropriadas: "Esta questão do mangal realmente mexe muito connosco, mas lembrem-se que as cidades moçambicanas desenvolvem-se à volta dos mangais. A cidade de Quelimane e aqui em Maputo penso que está haver uma tolerância para a construção perto dos mangais."
Por causa da ação humana, Moçambique só tem a perder, explica o especialista.
"Constituem um ecossistema, um habitat essencial porque é de lá que os recursos são extraídos; pescas, materiais de construção e outros. Mas o mangal por moldar a linha de costa tem outros valores importantes ligados ao turismo. Então, constitui um habitat importante para a sociedade moçambicana", lembra Salomão Bandeira.
Numa conferência da ONU sobre os oceanos, em 2017, Moçambique comprometeu-se a replantar cinco mil hectares de mangal, até 2022, mas até ao momento só foram restaurados 15 hectares.
Mas a restauração dos mangais por si só, explica o especialista, não é suficiente para melhorar a situação de degradação.
Critérios de replantio
Salomão Batista alerta que "essa restauração deve obedecer a certos critérios. Um deles é termos a certeza de que houve uma destruição antropogénica, este é que seria o princípio porque é muito fácil entre o mangal e a vegetação terrestre vermos um espaço e acharmos que facilmente podemos restaurar."
O Governo defende o replantio do mangal, mas há critérios que devem ser seguidos, segundo explicações de Jorge Mafuca, diretor do Instituto de Investigação Pesqueira do Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas.
"Mas o que nós pretendemos é, por causa deste compromisso que temos com as Nações Unidas, estruturar esta intervenção. Fazer o replantio em função daquilo que é o programa e o cronograma elaborados. Mas para chegarmos a isso fizemos levantamento em todas as províncias e definimos quais as que são críticas para definirmos metas para cada província", conta Baneira.
O mangal é importante na prevenção da erosão da costa e das margens dos rios, na redução das cheias e na reprodução das espécies marinhas, como é o caso do camarão.