Democracia moçambicana tem de envolver mais os jovens
12 de julho de 2012O Parlamento Juvenil considera que a governação no país deve começar nos distritos com o envolvimento de todos os segmentos da sociedade, principalmente os jovens. Segundo o presidente da organização, Salomão Muchanga, os jovens sentem-se excluídos de todo o processo de desenvolvimento democrático. “Sentimos que as prioridades da juventude ficam diluídas na agenda governativa”, afirma.
Defende ainda que é preciso criar um espaço de compreensão, de diálogo entre os jovens e o governo e vários segmentos da sociedade como os chefes tradicionais, os professores, os enfermeiros, os estudantes.
O Parlamento Juvenil queixa-se do facto de os jovens não terem acesso ao Fundo de Desenvolvimento Distrital para promover iniciativas locais e negócios. Por isso, luta para que os jovens deixem de ser uma maioria silenciosa. “Queremos fazer do distrito um pólo de desenvolvimento democrático, onde os jovens tenham acesso à informação, domínio da Constituição da República, domínio dos processos governativos e compreendam também o país onde vivem”, explica Salomão Muchanga. “Um país é o que é por causa do debate público e pela juventude que temos”, lembra.
Governo acusado de “má governação”
A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos acusa o governo de “má governação” e alega que não basta o país contentar-se com elogios. “Temos uma péssima governação, apesar de se dizer que o país está a caminhar, que o país avançou. É verdade que é um país que é uma maravilha, é um paraíso, mas em termos de governação estamos em péssimas condições”, diz a presidente da organização, Alice Mabota.
A líder da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos sugere até que os direitos humanos, ligados à boa governação, deveriam começar a ser lecionados no ensino básico. “Queremos de facto um país com democracia e boa governação”, salienta, criticando ainda os “interesses pessoais” que atrasam o desenvolvimento do país.
Iniciativas para melhorar governação
Neste momento decorrem já em todo o país debates sobre a promoção da boa governação, democracia e direitos humanos promovidos pelo Parlamento Juvenil. A Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) apoia os jovens neste processo.
Segundo Nills Mueler, da USAID, a iniciativa tem como alvo “os grupos democráticos com menos acesso à informação, especialmente jovens mulheres dos distritos e que têm o potencial de contribuir para uma melhor governação do país através de novas formas de pensar e agir”.
Nos debates que estão a ser levados a cabo pelo Parlamento Juvenil os jovens pretendem disseminar uma série de informações que não chega aos distritos, visando a promoção da democracia e o desenvolvimento.
Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha