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Faltam mais mulheres em cargos de chefia em Moçambique

Sitoi Lutxeque (Nampula)
7 de abril de 2018

Em Moçambique, a mulher continua a ser a maioria: dos cerca de 28 milhões de habitantes, 15 milhões são mulheres. No entanto, o sexo feminino ainda enfrenta dificuldades no acesso ao ensino e mercado de trabalho.

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Mosambik Atija Momade Obstverkäuferin in Nampula
Foto: DW/S. Lutxeque

A província nortenha de Nampula, a mais populosa de Moçambique, tem mais de seis milhões de habitantes, de acordo com o IV Recenseamento Geral da População e Habitação de 2017. Perto de quatro milhões são mulheres e muitas delas são chefes de família. Nesta província, o analfabetismo, os casamentos prematuros e a pobreza são problemas que apoquentam com relativa frequência o sexo feminino.

Atija Momade é um exemplo de uma mulher que luta pelo sustento dos seus filhos: tem 25 anos e é casada com um vendedor ambulante com quem teve três filhos. A família habita no populoso bairro de Namicopo, nos arredores de Nampula. Todos os dias, exceto ao domingo, Atija Momade vai de rua em rua com uma bacia cheia de laranjas à cabeça.

"Consigo vender 200 meticais [cerca de 3 euros] em laranjas por dia, para alimentar os meus filhos. Estudava e frequentava a 10ª classe, mas parei de estudar por falta de condições [financeiras] e daí comecei com o meu negócio em 2012", começa por explicar a vendedora.

Mosambik Straße in Nampula
Uma das ruas de Nampula com mais vendedoras de capulanasFoto: DW/S. Lutxeque

"Já pensei em voltar à escola mas não tenho condições. Sinto-me feliz a vender, porque ficar em casa sentada não me ajuda em nada'', acrescenta.

Mais apoio do Governo

Atija Momade reconhece os esforços do Governo no combate à desigualdade entre homens e mulheres, mas diz não ser fácil no caso das mulheres desfavorecidas ter o apoio das autoridades.

"O Governo não sei se nos ajuda, nunca vi. Ajuda outras mulheres, se calhar, aquelas que trabalham. Peço que o Governo nos ajude, oferecendo-nos um emprego", reivindicou.

Este sábado (07.04), assinala-se o Dia da Mulher Moçambicana. Atija Momade, como milhares de outras mulheres, preparou-se com antecedência para esta data: "Já comprei a minha capulana”.

A Organização da Mulher Moçambicana (OMM) está a mobilizar centenas de mulheres para que juntas consigam formas de ultrapassar problemas comuns ao sexo feminino.

"Conseguimos notar que há muita diferença. A mulher era muito humilhada e oprimida. Na província de Nampula temos muitas administradoras distritais, secretárias permanentes e diretoras de vários ramos de atividade”, assevera Maria Elisa Rodrigues, secretária provincial daquela organização em Nampula.

Mosambik Hermenegilda Jorge Direktorin OMM
Hermenegilda Jorge, chefe do Departamento da Mulher, na Direção Provincial do Género, Criança e Ação Social de NampulaFoto: DW/S. Lutxeque

"Isso é de salutar, apesar de não termos atingido ainda os 50%. Mas estamos num bom caminho. Por isso temos mobilizado as mulheres para estudarem", refere ainda. Segundo Elisa Rodrigues, esta organização tem encorajado igualmente as mulheres a apostarem na produção agrícola e no empreendedorismo.

Já o Governo, através de Hermenegilda Jorge, chefe do Departamento da Mulher, na Direção Provincial do Género, Criança e Ação Social de Nampula, assegura que tem dado o apoio necessário às mulheres, o que tem resultado em melhorias das condições de vida.

"As mulheres identificam o que elas querem fazer e nós apoiamos. Neste momento [em 2018] já ajudámos cerca de 52 mulheres em alguns distritos”, garantiu.