Dia histórico: Última base da RENAMO encerrada
15 de junho de 2023Ao encerrar a base em Vunduzi, o Presidente Filipe Nyusi recebeu simbolicamente das mãos do líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, a "última arma" de ex-guerrilheiros do maior partido da oposição.
O chefe de Estado disse que se fechou hoje um capítulo importante na história do país depois da assinatura do Acordo de Paz entre o Governo moçambicano e a RENAMO, em agosto de 2019.
Terminou o "desarmamento e desmobilização" dos guerrilheiros da RENAMO, disse Nyusi. Foi um processo que, segundo o Presidente da República, "durou o tempo necessário para criar a confiança, meio-caminho para o sucesso".
Em quase quatro anos, 5.221 guerrilheiros da RENAMO foram desmobilizados.
Paz e pensões para ex-guerrilheiros
Filipe Nyusi afirmou ainda que o encerramento da base em Vunduzi, distrito de Gorongosa, demonstra a determinação inabalável do Governo e da RENAMO "em não mais voltar às hostilidades militares e consolidar a paz duradora em Moçambique".
Durante o discurso na cerimónia de encerramento da base da RENAMO, o Presidente da República destacou que o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) iniciou e terminou na antes temida Serra da Gorongosa por ser o local onde os homens armados da "Perdiz" controlavam as restantes bases militares no país inteiro.
O líder da RENAMO, Ossufo Momade, alertou, no entanto, que, desde a desmobilização da primeira base, em 2019, o partido tem assistido a atos contrários às suas aspirações, nomeadamente a perseguição e assassinato de guerrilheiros desmobilizados, recusa de atribuição de terrenos para habitação e a não fixação de pensões, "o que colocou os nossos compatriotas num ambiente de desconfiança e privação de condições condignas".
O Presidente moçambicano respondeu que a demora na conclusão do DDR deveu-se à falta de fundos para o pagamento de pensões aos desmobilizados, acrescentando que essas pensões não faziam parte do acordo de 2019, tendo sido incluídas posteriormente.
Fecho da base é "um alívio"
Moradores de Gorongosa afirmam que o encerramento da base da RENAMO, esta quarta-feira, é um alívio. Comerciantes e agricultores dizem que se abriu um novo capítulo para o desenvolvimento do país.
"Estamos felizes com este acontecimento. Demorou mas chegou, agora vamos viver livremente", disse a cidadã Aida João Razão em declarações à DW África. "No tempo de guerra, o negócio não corria".
Mas o líder da RENAMO deixou hoje outro alerta: As irregularidades detetadas no recente recenseamento eleitoral ameaçam o processo de paz em Moçambique, afirmou Ossufo Momade.
"Ao manter o resultado deste recenseamento, vamos estar a adiar a paz que temos vindo a conquistar duramente", disse Ossufo Momade.
Artigo atualizado às 19:08 (CET) de 15 de junho de 2023.