Moçambique: Nyusi e Momade assinam acordo de paz
1 de agosto de 2019Eram 13h45 minutos, hora de Maputo, quando o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, assinaram o Acordo de Cessação de Hostilidades militares, esta quinta-feira (01.08), na Gorongosa.
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Ossufo Momade, presidente da RENAMO, garante que este é um "virar de página".
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças. A partir desta nova página acreditamos que a paz veio para ficar e a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos", disse o líder do maior partido da oposição moçambicana.
Ataques armados mancham véspera do acordo
Um dia antes da assinatura do pacto, na quarta-feira (31.07), homens armados atacaram um autocarro de passageiros e um camião em Nhamapadza, na província de Sofala, tendo provocado ferimentos em pelo menos duas pessoas. Não se sabe porém quem esteve por trás do ataque.
Esta quinta-feira, Ossufo Momade voltou a apelar ao cumprimento do acordo de paz, depois de há pouco mais de uma semana uma autoproclamada Junta Militar da RENAMO avisar que a instabilidade iria continuar se o acordo de paz fosse aprovado. A RENAMO classificou essas declarações como uma "encenação" de "desertores".
O acordo desta quinta-feira foi assinado enquanto decorre o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração de vários guerrilheiros da RENAMO, que estão há anos armados, nas matas.
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível... Que a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor", afirmou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
MDM acusa STAE de ser um "constrangimento" à tranquilidade
Daviz Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), também esteve na cerimónia e alertou que a assinatura do acordo não chega para que a paz seja efetiva.
"Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha, porque um dos grandes constrangimentos da vida de tranquilidade do povo moçambicano é o STAE. Portanto, se o STAE nos proporcionar o espetáculo, o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares", advertiu o líder do terceiro maior partido com assento parlamentar.
Detlev Wolter, embaixador da Alemanha em Moçambique, é preciso paz para que haja desenvolvimento económico e mais investimento estrangeiro.
"Queria felicitar o povo moçambicano e os dois líderes por este dia de paz, este dia que vai entrar na História de Moçambique, com o início da estabilidade em todo o país e ao início do processo de reconciliação", comentou o diplomata que esteve presente no evento na Gorongosa.