Eleições em Angola: Dinho Chingunji quer "servir o povo"
29 de julho de 2022Nasceu no Lubango, capital da província angolana da Huíla, a 7 de setembro de 1964.
Dinho Chingunji é filho de um dos dezoitos fundadores da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e diz que quer contrariar a tradição de entrar na política para proveito próprio.
"Nós vamos trabalhar verdadeiramente para o povo utilizar o poder de governação para servir o povo. Não aquilo que estamos a ver em África, onde os políticos vão na política para se enriquecer, e às suas famílias e amigos e para promover uma região de onde são originários", defende.
Raízes políticas na família
O pai de Dinho Chingunji, 57 anos, é Samuel Piedoso Chingunji, também conhecido por "Kafundanga", cofundador da UNITA e primeiro chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), o então braço armado da guerrilha da UNITA.
O seu tio, Tito Chingunji, assassinado por ordens de Jonas Savimbi, foi, na década de 1980, o secretário para informação e representante da UNITA em Washington, DC. Era uma figura proeminente que colhia simpatias interna e externa para suceder a Savimbi na organização.
Em conversa com a DW África, Dinho Chingunji lembra a "infância anormal" que teve. Com apenas quatro anos de idade, Chingunji era usado como mensageiro nas trocas de informações entre os guerrilheiros para ludibriar a polícia política do então regime colonial português.
"Eu quando era criança entrei já na política. Os pais, nacionalistas, e o meu avô foi um mentor aqui em Angola, da fundação da UNITA. Umas das coisas que a mim me marcou, é que, no Luso [hoje, Luena, cidade capital da província do Moxico], eu, com 4 anos, fiquei estafeta das mensagens secretas. A PIDE não podia suspeitar que eu estivesse a fazer aquele tipo de trabalho", recorda.
Vida no estrangeiro
Em 1969 deixa Angola e muda-se para a vizinha República da Zâmbia, onde fez o ensino primário e secundário. Mais tarde, regressa ao seu país, mas, com o eclodir da guerra civil, volta novamente para Zâmbia, em 1976.
Devido às quezílias e perseguições internas na UNITA, que, em finais da década de 1980, culminaram com o assassinato de quase toda a sua família, Dinho Chingunji torna-se num opositor de Savimbi, a partir de Londres, a capital inglesa.
Angola realiza as primeiras eleições multipartidárias em 1992, mas Chingunji só regressa à pátria após a morte de Savimbi, que culminou com a paz definitiva, em 2002.
Vida partidária em Angola
Desencantado, quis seguir a vida apartidária, mas foi persuadido a juntar-se na reorganização da UNITA, convencido de que aquele era o momento de reunificação. Em 2003, no primeiro congresso da era pós-Savimbi, concorre à liderança do partido, tendo como oponentes Lukamba Paulo "Gato" e Isaías Samakuva.
No Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), que abrangia todos os partidos com assento no Parlamento, assume a pasta de ministro da Hotelaria e Turismo. Após cessar funções, dedicou-se aos negócios, sempre de olho na política.
A pouco menos de quatro meses das eleições gerais, viu o seu projeto político reconhecido pelo Tribunal Constitucional. Diz agora que o Partido Nacionalista para Justiça em Angola, P-NJANGO, vai promover a justiça social.
"Nós queremos é governar. O que não queremos é criar alguma instabilidade. Angola tem recursos riquezas e recursos suficientes para que não entremos no campo da caça às bruxas. Demos essas garantias, porque queremos fazer o mesmo como aconteceu na África do Sul, com Nelson Mandela", afirma.
Dinho Chingunji casado e tem 11 filhos, de diversos relacionamentos. O candidato do P-NJANGO à Presidência de Angola é engenheiro de construção civil, formado pela Universidade de South Bank, em Londres.