"Pequenas falhas" e fraca afluência às urnas em Luanda
24 de agosto de 2017Os votos dos angolanos que participaram nas eleições históricas desta quarta-feira já estão a ser contados. A eleição começou às 7h da manhã e terminou às 18 horas em todo país, como garantiu o presidente da Comissão Nacional Eleitoral, André da Silva Neto.
A DW África esteve em vários pontos de Luanda a acompanhar o processo e ouviu vários angolanos que dizem ter esperança na eleição de um novo Governo que corresponda aos anseios da população.
Eleitores como Gimi, morador do Bairro Rocha Pinto, e Maria Helena, do Bairro Militar, esperam ver "sangue novo" no poder político. "Tendo em conta a situação atual, era bom que houvesse novidades", diz Gimi. Já Maria Helena espera "uma Angola mudada" e "mais emprego para a juventude".
CNE reconhece problemas
Apesar da calma que marcou o dia da votação, registaram-se alguns incidentes. Em Luanda, alguns cidadãos não votaram, porque foram colocados em assembleias de voto demasiado longe. Foi o caso de Manuel José, morador no Bairro do Prenda, que teria de deslocar-se até à cidade do Kilamba. Por falta de transporte, não votou: "Também não ajudaram as pessoas e decidi ir para casa".
De um modo geral, notou-se um número reduzido de eleitores nos pontos em que a DW África esteve presente, como os bairros de Talatona, Prenda e Maianga. Apesar disso, os presidentes das mesas de voto da capital angolana garantiram que o processo correu bem.
No entanto, alguns partidos não tiveram delegados de listas. Na assembleia de voto número 1042, no Bairro Zamba 2, no distrito urbano da Samba, não estiveram presentes representantes do PRS e da APN, segundo António Neto, um dos responsáveis daquele espaço de votação. Os restantes partidos, explicou, tiveram "um delegado e um suplente por cada mesa de voto".
Por seu turno, o presidente da Comissão Nacional Eleitoral, André da Silva Neto, informou que os resultados provisórios poderão ser conhecidos ainda na quinta-feira. A CNE admite que houve "pequenas falhas" no processo de votação.
A serenidade do processo é um "motivo de orgulho", de acordo com André da Silva Neto: "Estamos satisfeitos com o comportamento dos eleitores e de todos os cidadãos envolvidos direta ou indiretamente neste processo". O responsável da CNE falou num "exemplo de civismo que é um orgulho para o país e para África".
"É um exemplo de como se devem realizar eleições democráticas em qualquer parte do mundo: com civismo, elevação e respeito pela diferença."
"Decisão é dos angolanos"
Os cabeças-de-lista dos partidos na corrida também foram votar. Como habitualmente, o líder da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, voltou a fazer uma caminhada. Desta vez, não foi com os seus militantes. O presidente da Convergência Ampla da Salvação de Angola andou com os jornalistas da sua casa até à assembleia de voto número 1039, no Bairro Alvalade, em Luanda.
À imprensa, Chivukuvuku sublinhou que a decisão é dos angolanos: "O mais importante é que os angolanos decidam e decidam bem para um novo rumo para Angola, para que deixemos de ser um país potencialmente rico mas habitado por uma maioria pobre."
Entretanto, o secretário do Bureau Político do MPLA para as questões políticas e eleitorais, João Martins, anunciou que a vitória do partido no poder em Angola desde 1975, nas eleições gerais de quarta-feira, é "inequívoca, praticamente incontornável". O responsável falava aos jornalistas na sede nacional do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), em Luanda, no final de uma reunião destinada a fazer o balanço preliminar das eleições gerais.