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Em Angola, ainda não há conclusões sobre o homicídio de "Ganga"

António Cascais23 de dezembro de 2013

Esta segunda-feira (23.12) completa-se um mês depois da morte de Manuel Hilberto de Carvalho, conhecido por "Ganga", um jovem do partido CASA-CE. Disparos partiram da Guarda presidencial, mas caso continua por deslindar.

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Foto: Pedro Borralho Ndomba

Na noite de sexta-feira, 22 de novembro de 2013, Manuel Hilberto de Carvalho, “Ganga”, colava cartazes anti-Governo no âmbito de uma manifestação contra a repressão e “em repúdio às violações dos direitos humanos” em Angola. O protesto era convocado pela UNITA, o principal partido da oposição.

Nessa noite, os opositores foram abordados por elementos da guarda presidencial e levados em duas viaturas. Durante o caminho, os guardas proferiram “palavras agressivas e ameaças de morte”, relatam algumas testemunhas.

À chegada ao perímetro do Palácio Presidencial, os carros pararam e Manuel Hilberto "Ganga" desceu “para tentar pôr-se em fuga”, acabando por ser abatido a tiro.

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A marcha que acompanhou o funeral de Manuel Hilberto "Ganga" foi interrompida pelas forças de segurança angolanas várias vezes, alegadamente por questões de segurançaFoto: Pedro Borralho Ndomba

Quem disparou?

Passou um mês desde a morte de “Ganga”, mas ainda não é conhecida nenhuma consequência jurídica ou política para os intervenientes no caso.

“As autoridades ainda não falaram nada. A CASA-CE pôs o caso em tribunal. Se elas não querem mostrar a pessoa que matou, é porque, obviamente, estão a esconder quem mandou matar”, diz Adolfo Campos, jovem militante do partido Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE).

“Quem é a pessoa que deu o tiro? Essa pessoa tem de ser julgada. Mas está tudo no silêncio”, acrescenta.

Um mês depois do sucedido, Manuel Hilberto é já considerado um símbolo do espírito de resistência do denominado movimento revolucionário, tendo mesmo sido declarado pela Casa-CE "patrono da juventude patriótica de Angola".

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“Ganga” era engenheiro civil mas trabalhava como professor do 2º ciclo. Tinha 28 anos, deixa um filho de dois anos e uma noiva. Dentro do partido, “Ganga” era diretor nacional para a mobilização.

Em entrevista à DW África, Adolfo Campos lamenta a morte do colega e afirma que os jovens angolanos, politicamente conscientes, estão furiosos e não acreditam na Justiça do país.

Investigação em curso

A Procuradoria-Geral da República adianta entretanto que continua a investigar o caso, no sentido de apurar responsabilidades. Porém, para Adolfo Campos, o verdadeiro responsável é o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Nito Alves
Nito Alves, de 17 anos, foi detido em setembro por mandar imprimir T-shirts com a fotografia de José Eduardo dos Santos e as palavras "fora", "ditador" e "nojento"Foto: Maka Angola

“A guarda do Presidente é que matou, obviamente são os guardas do Presidente da República que podem matar. Mas é o Presidente que dá ordens”, frisa o jovem militante.

Adolfo Campos afirma que o processo decorre sob o silêncio cúmplice de muitos angolanos que reagem quando acham que o Presidente da República foi insultado, mas que são passivos perante a morte de jovens angolanos pelas tropas do Governo.

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