Tentativa de golpe militar falha na Etiópia
23 de junho de 2019O chefe do Estado-Maior do Exército foi abatido pelo seu guarda-costas, horas depois de uma tentativa de golpe em Amhara, estado regional cujo presidente também foi morto, seguindo Nigussu Tilahun, porta-voz do primeiro-ministro do país.
O porta-voz disse à imprensa que um "comando assassino", liderado pelo chefe de segurança de Amhara, invadiu uma reunião no sábado (22.06) à tarde, ferindo fatalmente o presidente da região, Ambachew Mekonnen, e outro alto funcionário.
Um pouco mais tarde, o chefe do Estado-Maior do exército etíope, general Seare Mekonnen, foi morto pelo seu guarda-costas, durante o que parece ter sido "um ataque coordenado", segundo o porta-voz.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, disse ao canal de televisão estatal que o seu Governo frustrou esta madrugada uma tentativa de golpe de Estado, liderada por um oficial militar de alta patente e outros militares do país, numa região fora da capital, Adis Abeba.
No seu discurso, o primeiro-ministro disse que algumas pessoas foram mortas e outras ficaram feridas na operação.
A embaixada dos Estados Unidos informou ter ouvido um tiroteio no sábado em Adis Abeba, tendo pedido às pessoas para terem cuidado.
A capital está calma este domingo, apesar de soldados das forças especiais estarem posicionados perto do escritório do primeiro-ministro, ao mesmo tempo em que vários agentes da polícia patrulham as ruas da cidade, segundo a agência de notícias EFE.
Conflitos étnicos
O golpe contra o Governo da região que junta a segunda maior etnia do país, começou na última hora de sábado na capital, Bahar Dar, e foi pouco depois dominada pela forças de segurança, segundo revelou à cadeia estatal ETV o porta-voz do primeiro-ministro, Nigussu Tilahun.
"A tentativa de golpe de Estado em Amhara é contra a Constituição e está destinada a perdurar a ganância na região", declarou , defendendo que "esta iniciativa deve ser condenada por todos os etíopes".
Um jornalista em Bahir Dar, a capital regional, disse à AFP que os tiros foram ouvidos logo após o pôr do sol e continuaram por várias horas.
Desde que assumiu o cargo, em abril de 2018, após dois anos de distúrbios na Etiópia, o primeiro-ministro reformista Abiy Ahmed está a tentar democratizar o país. Legalizou grupos dissidentes, melhorou a liberdade de imprensa, mandou deter dezenas de militares acusados de abusos dos direitos humanos e fez as pazes com a Eritreia depois de mais de vinte anos de conflito.
Apesar disso, a Etiópia foi palco de conflitos étnicos em várias partes do país nos últimos meses, nomeadamente entre os grupos Oromo e Somali.
Além das necessidades de ajuda humanitária aos deslocados, a Etiópia acolhe ainda perto de um milhão de refugiados oriundos de países vizinhos, como o Sudão do Sul e a Somália.