Etiópia e Eritreia retomam relações diplomáticas
9 de julho de 2018"Concordamos com a retomada do tráfego aéreo e marítimo, a movimentação de pessoas entre os dois países e a reabertura de embaixadas", declarou o primeiro-miniStro da Etiópia, Abiy Ahmed, depois de conversações com o Presidente da Eritreia, Isaias Afewerki.
Os dois países romperam ligações diplomáticas no início de um conflito pelas fronteiras, que os opôs entre 1998 e 2000 e que fez cerca de 80 mil mortos. As relações mantiveram-se tensas, depois de a Etiópia ter recusado ceder à Eritreia um território fronteiriço disputado entre os dois países, apesar de uma comissão internacional independente apoiada pelas Nações Unidas (ONU) ter decidido nesse sentido em 2002.
Antiga província etíope no Mar Vermelho, a Eritreia declarou independência em 1993 depois de expulsar as tropas etíopes dos seus territórios em 1991, pondo termo a três décadas de guerra.
Primeiro encontro em 20 anos
A primeira reunião em 20 anos entre governantes da Etiópia e da Eritreia aconteceu este domingo (08.07), na capital eritreia, Asmara, e terminou com o acordo para restabelecer as relações entre os dois países, que abrirão embaixadas nas suas capitais.
Bandeiras etíopes ao vento e multidões nas ruas deram as boas-vindas ao primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, a Asmara. A televisão oficial da Eritreia mostrou um abraço entre os dois líderes. "A visita é uma oportunidade extraordinária para promover a paz para o bem do nosso povo", escreveu o chefe de gabinete de Abiy Ahmed, Fitsum Arega, na rede social Twitter.
"Os acordos também permitirão aos cidadãos dos dois países que possam se mudar e trabalhar nos territórios de ambos. Os povos das duas nações entraram agora num novo capítulo de crescimento e benefícios mútuos", afirmou Abiy Ahmed. "Quando os nossos dois países conseguirem a paz, a região inteira estará em paz", acrescentou.
Os discursos foram transmitidos em simultâneo pelas televisões estatais da Etiópia e da Eritreia.
A visita do primeiro-ministro etíope aconteceu praticamente de surpresa e foi anunciada pelo governo eritreu, um dos regimes mais fechados do mundo, que, através do seu ministro de Informação, Yemane Meskel, confirmou que Abiy chegaria a Asmara para "proclamar uma nova era de paz e cooperação".