EUA prometem ajudar Angola a repatriar capitais
18 de março de 2019A visita do secretário de Estado Adjunto norte-americano, John Sullivan, a Angola era aguardada com "ansiedade" por Luanda. E terminou com uma promessa: os Estados Unidos da América vão ajudar Angola a recuperar o dinheiro roubado e transferido de forma ilegal para o estrangeiro.
Ficou acordado que tanto o FBI como o Departamento de Justiça dos EUA deverão apoiar as autoridades angolanas no repatriamento de capitais, um dos "cavalos de batalha" do Presidente João Lourenço.
"Este acordo prevê uma cooperação entre as agências de aplicação da lei. Do lado americano estará o FBI, que vai trabalhar com a sua congénere angolana no âmbito do combate à corrupção, bem como da recuperação de bens e ativos que foram tirados de forma ilegal", afirmou Sullivan durante a sua visita à capital angolana.
Encontros com Presidente, empresários e sociedade civil
Angola e os Estados Unidos assinaram esta segunda-feira (18.03) um memorando de entendimento no domínio da segurança e ordem pública.
Sullivan chegou a Angola no sábado e encontrou-se com empresários e representantes de organizações da sociedade civil e defensores dos direitos humanos. Na segunda-feira de manhã, reuniu-se na Cidade Alta com o Presidente João Lourenço e entregou-lhe uma carta de Donald Trump.
"Tivemos uma reunião muito importante e produtiva com sua Excelência, o Presidente da República João Lourenço", disse Sullivan. "Foi uma grande honra ser recebido pelo Presidente, e manifestei em nome do Governo norte-americano, do Presidente Trump e do povo norte-americano o nosso compromisso contínuo de forma a aprofundar as nossas relações e trabalharmos em prol de uma prosperidade para ambos os países."
"Nova era"
O ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, espera que esta visita inaugure uma "nova era" nas relações com Washington.
"Auguro que as nossas conversações contribuam para uma nova dinâmica nas relações Angola - Estados Unidos da América", referiu Manuel Augusto.
Já o analista angolano Ilídio Manuel espera resultados concretos. Por exemplo, que os Estados Unidos voltem a vender dólares a Angola.
No final de 2015, a Reserva Federal congelou a venda de dólares a bancos angolanos, alegadamente por "sistemática violação" de regras no setor e por suspeitas de financiamento de terrorismo - algo que a embaixada norte-americana em Angola desmentiu mais tarde.
Seja como for, a suspensão continua e é preciso inverter este quadro, defende Ilídio Manuel. Esta visita do secretário de Estado Adjunto norte-americano pode ajudar: "Penso que é um sinal positivo no relacionamento entre os dois países. Acredito que isso poderá contribuir para desanuviar o clima existente e para o desbloqueio da venda de dólares a Angola. É um processo longo", conclui.
John Sullivan disse na segunda-feira que a retoma da relação de bancos correspondentes norte-americanos com instituições financeiras angolanas depende da restauração de um clima de confiança económica. Para isso, são necessários avanços no combate à corrupção.