Famílias sem comida devido à seca na província de Inhambane
14 de março de 2017A seca na província de Inhambane, localizada no sul de Moçambique, está a fazer com que várias famílias estejam a sofrer com a falta de comida. Os agricultores têm vindo a perder grande parte das suas culturas.
O Governo Provincial não avança o número exato de pessoas que, desde o ano passado, estão a passar dificuldades devido à seca que assola esta região, no entanto, afirmam vários cidadãos locais, há várias famílias a passar fome, sendo necessária ajuda.
Em entrevista à DW África, Herculano Maoche, líder comunitário do Posto Administrativo de Pembe, distrito de Homoíne, afirma que, para além da seca, algumas machambas foram também afetadas por pragas. Segundo este responsável, "as pessoas estão a viver de qualquer maneira", não havendo ainda assim, até à data, vítimas mortais.
Organizações não-governamentais têm distribuído comida a algumas famílias, mas o apoio não é suficiente, dá conta Rui Nassune, também residente em Pembe. "Precisamos de mais apoio, farinha, arroz, mandioca, amendoim, feijão, sabão e chapas de zinco", afirma.
Dineo agravou situação
A passagem da tempestade Dineo, no passado mês de fevereiro, veio agravar a situação em Inhambane. O mau tempo destruiu várias infraestruturas e machambas. Carlos Armando, residente no distrito de Panda, disse à DW África que perdeu hectares de diversas culturas. Acrescentou ainda que as organizações não-governamentais anunciaram que não vão conseguir dar mais apoio a partir do próximo mês. "Perdi uma parte da agricultura, muito milho e dois hectares de mandioca foram soprados pela ventania", deu conta Carlos Armando, acrescentando que foram informados pelas ONG que março seria o último mês de apoio.
A DW contactou várias organizações para falar sobre o assunto, mas não conseguiu obter uma resposta.
A produção de caju também foi afetada pela seca. Acácio Zango, chefe da localidade de Pembe-sede, chama a atenção para o facto destar ser uma grande "fonte de rendimento para a comunidade de Pemba".
36 mil hectares perdidos
Segundo Filomena Maiopue, diretora provincial de agricultura e segurança alimentar, em toda a província de Inhambane, cerca de 36 mil hectares de culturas ficaram perdidas. "A primeira avaliação que temos aponta para 36 mil hectares de culturas perdidas, desde milho, feijões, etc", deu conta.
Para minimizar a situação da fome, os camponeses vão receber sementes melhoradas da companhia de telecomunicações Vodacom. Daniel Chapo, Governador da Província de Inhambane, sublinha que a distribuição deve ser feita o quanto antes. "No mês de março começa a segunda época agrária, precisamos de ter sementes em tempo útil. A logística da distribuição de sementes demora até chegar aos nossos produtores. Isto deve ser feito em tempo recorde, estamos em emergência".