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Foi repelida a manifestação de jovens contra o Presidente de Angola.

Manuel Vieira (Luanda)19 de setembro de 2013

Os rostos mais visíveis do Movimento Revolucionário Angolano, foram detidos a vinte metros da Praça Primeiro de Maio. A polícia tem sob sua custódia oito jovens numa unidade prisional de Viana.

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Jovens angolanos protestam durante o processo eleitoral de 2012Foto: picture-alliance/dpa

Esta foi mais uma tentativa de manifestação morta à nascença, com um saldo de pelo menos oito detenções, agressões à bastonada e mordidelas de cães da polícia. A corporação já tinha avisado que usaria a força se necessário. Segundo o porta-voz da policia em Luanda, comissário Aristófanes dos Santos "o Comando-geral da Polícia alerta a todos os cidadãos no sentido de não acatarem e de não enveredarem por esse tipo de ações na via pública, sobretudo sob pena de termos de efetuar detenções e apresentar as pessoas aos tribunais".

Vias de acesso à Praça 1° de Maio totalmente bloqueadas

Com as quatro entradas para o largo Primeiro de Maio bloqueadas, o primeiro grupo de jovens do Movimento Revolucionário Angolano ainda conseguiu dissimular-se e passar por várias barreiras policiais até chegar a cerca de vinte metros do local pretendido. Passavam 30 minutos da hora combinada.

A estratégia utilizada, desta vez, foi a de partirem em pequenos grupos para, no local, começar a manifestação, o que não aconteceu. O largo estava vedado com material metálico.
Depois de “descobertos”, os organizadores Adão Campos e Pedrovisky “Teca”, em conversa com os agentes da polícia nacional, ainda exigiram liberdade, mas sem resultado. Acto contínuo decidiram permanecer sentados no jardim.

Um deles foi mordido por um cão-policia. Depois de uma ordem de origem desconhecida, os oito jovens eram colocados numa carrinha da corporação, mas com alguma resistência. Foram transferidos para a unidade prisional de Viana a cerca de 20 kms a sul de Luanda. Nenhum dos jovens trazia camisolas com algum lema inscrito, muito menos material contundente. Ao serem transportados todos gritavam em uníssono “ liberdade”.
Cerca de cem agentes de várias especialidades mantêm-se no local, “ auxiliados” por homens de uma milícia que em Luanda é conhecida como “ kaenhes”, que lançavam também um olhar atento aos transeuntes, principalmente estudantes, pois a zona tem pelo menos quatro institutos médios e dois superiores.

Brutalidade contra jovens, cidadãos comuns e jornalistas

A brutalidade nesta quinta-feira (19.09) atingiu populares indefesos retirados do local por cães e bastões da polícia nacional. Jornalistas da imprensa privada angolana e correspondentes internacionais não escaparam ao zelo dos “homens da farda azul”. António Paulo, repórter do “ Novo Jornal” foi mordido numa das pernas e narrou assim à DW África o episódio: "Um agente da polícia com cães simplesmente me atacou, os cães rasgaram-me as calças e sofri alguns arranhões. Acho que vou ao hospital ver se o ferimento é grave. Nem sei se os cães estão vacinados. A polícia está a reprimir as pessoas e a retirar os manifestantes da Praça com uma certa brutalidade".

Anti Angola Proteste in London
Protestos de angolanos contra José Eduardos dos Santos só será possível no estrangeiro. Na imagem angolanos protestam em Londres contra JES (2011)Foto: Huck

Num comunicado distribuído horas antes da manifestação, a polícia nacional acusava alguns partidos políticos e ONGs como estando por trás das manifestações, sem citar os nomes ou origens.
No entanto, horas antes da manifestação era detido o secretário-geral adjunto do Sindicato de Professores Angolanos SIMPROF, Manuel de Vitória Pereira. Segundo a denúncia, o mesmo terá sido confundido com um dos apoiantes deste movimento.
Resta saber, se depois desta tentativa de manifestação um meio de resistência alternativo do Movimento Revolucionário Angolano, vai mesmo ser accionado, isto é ajuntamentos por Luanda sem aviso prévio.
Uma fonte bem colocada assegurou à nossa reportagem que a polícia nacional está de prevenção pelo menos até ao fim do Mundial de Hóquei em Patins.

Foi repelida a manifestação de jovens contra o Presidente de Angola.

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