G20: Crise climática e Covid-19 na agenda da cúpula em Roma
30 de outubro de 2021O grupo do G20 - as 20 maiores economias mundiais e emergentes - inicia uma cimeira de dois dias em Roma a partir deste sábado (30.10), e espera-se que políticas para proteção climática e a pandemia da Covid-19 sejam os principais temas das conversações.
O bloco do G20, que inclui o Brasil, China, Índia, Alemanha e Estados Unidos, representa mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, além de 60% da sua população. Estima-se que sejam responsáveis por cerca de 80% das emissões de carbono no mundo.
A chanceler alemã Angela Merkel participará nas conversações juntamente com o Presidente dos EUA Joe Biden e o Primeiro Ministro britânico Boris Johnson, entre outros.
Outros líderes, como o russo Vladimir Putin e o chinês Xi Jinping, estão a participar através de vídeo.
Cimeira climática para pressionar líderes
As conversações são também agora um pressão para avançar-se na luta contra o aquecimento global, e antecem a principal cimeira climática da ONU, a COP26, em Glasgow, na próxima semana.
O anfitrião do G20 e primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, apelou a um "compromisso do G20 sobre a necessidade de limitar o aumento das temperaturas a 1,5 graus Celsius".
Sendo este "o objetivo mais ambicioso delineado no Acordo de Paris de 2015 sobre alterações climáticas", acrescentou.
Mas a China, o maior poluidor do mundo e o país responsável por mais de um quarto de todas as emissões de carbono, foi acusada de ter ignorado apelos para deixar de construir novas centrais elétricas de carvão.
Pequim pretende atingir a neutralidade de carbono até 2060, ficando muito aquém das expectativas dos grupos ambientalistas.
Já o Presidente brasileiro Jair Bolsonaro exigiu que o seu país fosse pago para proteger a sua parte da maior floresta tropical do mundo, a Amazónia.
O que mais está na agenda do G20?
Para além da pandemia e das suas consequências, espera-se que os líderes discutam os esforços para acelerar a recuperação económica global na sequência da pandemia Covid-19
Serão abordados o aumento dos preços da energia e os estrangulamentos na cadeia de abastecimento, que afetaram uma série de indústrias-chave a nível mundial.
Os líderes do G20 também assinarão uma taxa mínima de imposto global de 15% para as grandes empresas, um acordo que foi finalizado no início deste mês.
A medida procura pôr fim à optimização fiscal, na qual empresas multinacionais - incluindo grandes empresas tecnológicas americanas como a Apple e a Google - abrigam lucros em países com sistemas de impostos baixos.
Espera-se também que os líderes aprovem planos para vacinar 70% da população mundial contra a Covid-19 até meados de 2022 e criem uma força-tarefa para combater futuras pandemias.
Protestos
Estão previstos várias manifestações em torno das conversações do G20 para o início da tarde deste sábado (30.10).
Cerca de 10 mil pessoas são esperadas num protesto organizado por ambientalistas.
A segurança foi reforçada em Roma, uma vez que as anteriores cimeiras do G20 se tornaram violentas.
A presença policial está a ser reforçada especialmente em alguns locais nos arredores da cimeira, que foram isolados, e onde ninguém poderá entrar sem autorização especial.
O espaço aéreo será fechado sobre Roma e os controlos fronteiriços serão reforçados para tentar manter afastados os potenciais problemas.
No início deste mês, eclodiram violentos confrontos entre manifestantes e polícias sobre a extensão do passe do coronavírus italiano nos locaia de trabalho.
Primeiro Roma, depois Glasgow
Muitos dos líderes em Roma, incluindo o Presidente norte-americano Joe Biden, voarão imediatamente a seguir da cimeira do G20 em Roma para a Escócia, para participaram da cimeira climática das Nações Unidas, que arranca neste domingo (31.10).
Conhecida como COP26, as conversações nesta cimeira são cruciais para enfrentar a ameaça do aumento das temperaturas e consequências como o aumento do nível do mar, tempestades e inundações, além das secas drásticas em outras regiões do globo.
A COP26 foi considerada como a última grande oportunidade para galvanizar o esforço coletivo necessário para limitar o aquecimento global, com os cientistas a apelarem para que emissões de carbono sejam reduzidas em quase metade até 2030 para o conseguir.
Dois relatórios da ONU advertiram esta semana que o mundo está "fora do caminho" para limitar o aumento das temperaturas.