Governo confirma ataque a posições da RENAMO
12 de fevereiro de 2014O diretor nacional da política de defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, confirmou que as forças governamentais usaram no domingo [09.02.14] artilharia pesada no conflito que as opõe a homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição.
É a primeira vez que uma fonte governamental anuncia publicamente a utilização deste tipo de material bélico desde que eclodiu a tensão político-militar no país no ano passado.
No início da semana, a RENAMO acusou o exército de ter atacado posições do movimento na Serra da Gorongosa, no centro do país, recorrendo a "armas de destruição maciça", nomeadamente artilharia B10 e B11, um armamento que pode atingir um raio de alcance de cerca de 20 quilómetros.
Em entrevista à DW África, António Muxanga, porta-voz do presidente da RENAMO, disse que a presença do exército na região com armas de grande calibre poderia denunciar a vontade do executivo de "assassinar" o líder do partido, Afonso Dhlakama.
“De forma frequente, [os homens armados da RENAMO] aproximam-se das posições das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) na Gorongosa e em Muxungué e disparam de forma intermitente, para poderem reagir e entrar em colisão”, afirmou Cristovão Chume.
Segundo o responsável do Ministério da Defesa, os homens da RENAMO “têm atacado também de forma frequente as colunas militares”, que fazem o abastecimento das posições do exército, “quase diariamente e muitas vezes provocando feridos”.
Contra-ataque
O diretor nacional da política de defesa de Moçambique disse esta quarta-feira [12.02 ] que a investida governamental contra posições da RENAMO foi em resposta a uma série de ataques lançados por aquela força.
“A última ação foi para demonstrar à RENAMO que as FADM têm potencial para empreender, caso seja necessário, uma ofensiva", caso sejam "colocadas numa situação em que não tenham outra alternativa no terreno”, adiantou Octávio Chume.
O responsável citou como exemplos que homens armados da RENAMO atacaram posições das forças governamentais na quinta-feira, 6 de fevereiro, no rio Gorogonge, em Muxúnguè, no dia seguinte na zona de Gravata, na Gorongosa e no domingo em Mucose.
As forças governamentais teriam, depois, respondido lançando tiros de artilharia pesada em direção à Serra da Gorongosa, local onde segundo Cristovão Chume se concentram homens armados da RENAMO e de onde se lançam ataques.
Cristóvão Chume confirmou o uso de material bélico pesado, mas escusou-se a entrar em pormenores. “Não é verdade que tenha havido bombardeamentos aéreos. Essa informação é falsa”, frisou. Contudo, admitiu, “o Estado moçambicano, achando que há um perigo para a comunidade nacional, poderá, se houver necessidade, usar todos os meios à sua disposição para repor a ordem e a tranquilidade”.
Tiros entre consensos políticos
Os últimos confrontos entre forças governamentais e homens armados da RENAMO ocorreram numa altura em que se registam finalmente consensos no diálogo político entre o executivo e o partido liderado por Afonso Dhlakama.
O diretor nacional da política de defesa nega que as forças governamentais estejam a caminhar numa direção oposta aos consensos que estão a ser alcançados.
Segundo Cristovão Chume, as forças de defesa e segurança vão manter-se na defensiva e continuarão a encorajar os esforços para se alcançar uma solução pacífica para a tensão política na mesa do diálogo.