Governo da Alemanha pede à FRELIMO mais abertura para debate
23 de outubro de 2013A resposta do Governo da Alemanha demorou dois dias. Finalmente, e depois de uma pergunta dum jornalista da DW durante a conferência de imprensa habitual do Governo nesta quarta-feira (23.10.), o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Martin Schäfer, manifestou as inquietudes do Governo alemão: "O Governo Federal observa os desvolvimentos recentes com alguma preocupação", disse Schäfer.
"Nos últimos anos, Moçambique conseguiu alcançar estabilidade política, também com a ajuda da cooperação alemã, e crescimento económico beneficiando todas as partes da população. Isto pode estar em risco devido às últimas decisões e aos últimos desenvolvimentos", alerta o Governo da Alemanha.
Em junho último, a Alemanha ofereceu ajuda bilateral num total de até 125 milhões de euros para 2013 e 2014. A ajuda alemã concentra-se em três regiões: as províncias de Inhambane, Manica e Sofala, a última justamente aquela em que se registaram os confrontos com a RENAMO. Uma nova guerra civil colocaria em risco a cooperação alemã na região.
"É crucial voltar ao diálogo"
O pior seria voltar à situação de guerra civil que Moçambique viveu até o início dos anos noventa, explicou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha ("Auswärtiges Amt" em alemão), Martin Schäfer.
"Do ponto de vista do Governo Federal da Alemanha é crucial voltar ao diálogo", apela o Governo de Berlim. "É necessário que possa haver espaço para colocar estas perguntas nos órgãos constitucionais e legítimos para alcançar uma solução razoável. Isto deve acontecer mesmo com o apoio da grande maioria, da maioria quase avassaladora, que a FRELIMO tem em Moçambique."
Recursos naturais para combater a pobreza
O Governo alemão vê Moçambique num bom caminho, principalmente por causa da descoberta de grandes recursos naturais como o gás. "Existe a chance de realmente alcançar dividendos do desenvolvimento, crescimento económico e estabilidade política. Seria trágico para a história deste país pobre, se agora tudo isto fosse posto em perigo", resumiu o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Martin Schäfer durante a conferência de imprensa em Berlim.