Governo e RENAMO continuam sem acordo político
8 de julho de 2013Em cima da mesa estavam três questões, nomeadamente a preparação do encontro entre o Presidente Armando Guebuza e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dlakhama, a desmilitarização do partido e a revisão do pacote eleitoral.
O impasse protela mais uma vez o encontro entre as duas figuras e acredita-se que a falta de acordo possa gerar uma onda de violência no país, alerta o analista Fernando Lima. “Temo que a violência seja um dos argumentos para fazer pressão para que esse encontro se realize”, explica.
Troca de acusações
O Governo acusa a RENAMO pela falta de consenso político-militar que dura há mais de dois meses e cujo tema foi a debate, em Maputo, esta segunda-feira (08.07) pela décima vez.
José Pacheco, Chefe da delegação do Governo, diz que o executivo assinou já as atas das sessões anteriores, enquanto a RENAMO recusa-se a fazê-lo, “mesmo nas atas em que há consensos”.
A RENAMO condiciona a assinatura das atas das sessões à adoção de todos os pontos dos conteúdos acordados pelas partes, como refere Saimone Macuiane, chefe da Delegação do partido.
“Reiteramos que a RENAMO está aberta para levar à Assembleia da República o conteúdo dos pontos adotados pelas partes. Mas nenhum documento de todas as rondas refere que as partes adotam os pontos”, garante Saimone Macuiane.
Confrontos mantêm-se
No sábado (06.07), dois dias antes da última ronda negocial, forças governamentais destruíram um acampamento de antigos guerrilheiros da RENAMO, com 53 cabanas, na região de Mogomonha, distrito de Chibabava, província de Sofala.
O Comandante da Polícia em Sofala, Joaquim Nido, diz que no local estavam homens armados que realizaram ataques contra alvos civis nas últimas semanas no trajeto que liga o rio Save e Muxungué. “As operações tinham em vista tornar a zona livre de bandidos, para restabelecer o nível de estabilidade e devolver a tranquilidade ao troço”, justificou.
“Eles estão à procura da RENAMO para a atacar”, diz Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição, que descreve a atuação do governo como uma “provocação”.
Segundo o especialista Fernando Lima, o ataque pode representar a resposta da recente alteração à Chefia do Estado Maior do Exército, depois dos sucessivos ataques da RENAMO.
“É sinal de que algo está a mudar nas Forças Armadas e na própria atitude da polícia. Até agora aquilo que tinha sido reportado pelos média é que a RENAMO tem tido a maior parte das iniciativas que têm resultado em baixas assinaláveis nas forças governamentais”.