Governo guineense desmente organização que contesta regime
29 de maio de 2024Em conferência de imprensa, Monteiro reagiu às afirmações de líderes da Frente Popular, organização que junta associações juvenis, sindicatos e grupos de mulheres, que contesta o regime do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.
"Ninguém escreveu alguma carta ao ministério do Interior", defendeu o secretário de Estado de Ordem Pública.
A Polícia de Ordem Pública (POP) deteve 93 pessoas, no dia 18, na sequência de manifestações organizadas pela Frente Popular em diferentes pontos da Guiné-Bissau, um dia a seguir libertou 84 e nesta segunda-feira (27.05) soltou mais oito.
Entre os que foram restituídos à liberdade nesse dia figura Armando Lona, jornalista e líder da Frente Popular, a quem José Carlos Monteiro desafiou hoje a apresentar provas de que teria enviado alguma carta a comunicar a realização da manifestação.
"Desafiamos às organizações que fazem parte daquele grupo de cidadãos a apresentar cópia de carta que entregaram ao Ministério do Interior", disse o governante.
Armando Lona disse, ao sair do Ministério Público, na segunda-feira à tarde, que o Ministério do Interior se recusou a receber a carta em que a Frente Popular dava conta da sua intenção de realizar a manifestação que, lembrou, não carece de autorização de acordo com a Constituição.
Governo desmente alegações
José Carlos Monteiro pede ainda à Frente Popular que apresente no Ministério do Interior as pessoas que alegam terem sido espancadas nas celas durante os dias em que estiveram detidas.
"Estamos a desafiá-los a trazer cá aquela senhora que diz ter sido vítima de espancamento aqui no ministério, mas até hoje ninguém apareceu aqui", observou Monteiro.
Em imagens a circular nas redes sociais de guineenses, uma mulher aparece com hematomas em várias partes do corpo. A Frente Popular diz ser uma das vítimas de espancamentos.
O secretário de Estado da Ordem Pública afirmou que a Frente Popular tinha outros planos durante a manifestação de Bissau, inclusive, disse, deitar fogo ao mercado de Bandim, principal centro de comércio da Guiné-Bissau.
José Carlos Monteiro adiantou que o Ministério do Interior encaminhou para o Ministério Público "todas as provas" que apontam para "outras intenções" da manifestação da Frente Popular, entre as quais garrafas de gasolina e mensagens trocadas pelos membros da organização.
"O Ministério do Interior atuou para garantir a estabilidade e a ordem pública", sublinhou Monteiro.
O governante diz não ser da responsabilidade do Ministério do Interior que os membros da Frente Popular tenham sido libertados, mas prometeu tornar público as mensagens sobre a sua intenção com a manifestação.