Guiné-Bissau: Crise política está a piorar vida da população
13 de março de 2018Nos últimos meses, algumas ruas e avenidas de Bissau só têm iluminação pública graças aos postes de luz que funcionam por energia solar. A maioria das casas e instituições públicas fica o dia inteiro sem eletricidade.
A falta de gasóleo é, segundo fontes da Empresa de Eletricidade e Águas (EAGB), a razão para os cortes no fornecimento do serviço. Os depósitos de gasóleo na central elétrica estão secos, pelo que a empresa foi obrigada a parar os motores, acrescentou a mesma fonte, sem informar quando é que o serviço será normalizado.
Esta segunda-feira (12.03) registou-se um apagão que afetou os serviços do maior centro hospitalar do país, o hospital Simão Mendes, que ficou parcialmente paralisado, colocando em perigo a vida de dezenas de doentes.
Em entrevista à DW África, o médico Mboma Sanca explica que "nos cuidados intensivos existem aparelhos que só funcionam com corrente elétrica". "Há exames médicos por fazer, microscópios e equipamentos com autonomia a ficar sem bateria e doentes que estão na sala sem ar condicionado, ou seja, estamos numa péssima situação", acrescentou o médico, frisando que "sem corrente eléctrica não se pode fazer nada, mesmo perante a complicação de um doente".
"País sequestrado por disputa política”
A Guiné Bissau está sem Governo há mais de sessenta dias e há quase quatro anos mergulhada numa autêntica disputa pelo poder. Para o analista político Dautarin Costa, falta patriotismo aos atores políticos, incluindo o Presidente: "Não faz sentido que para ganhar uma disputa política tenhamos que paralisar e sequestrar todo um país, todo um povo, e, por inerência, todas as suas condições sociais de existência". Neste momento, acrescenta o analista, existem "situações de extrema dificuldade na vida da população".
De acordo com Dautarin Costa, o povo da Guiné-Bissau enfrenta dificuldades no acesso à saúde, "o sistema de Educação não existe e as pessoas têm dificuldades de alimentação".
O mesmo analista político nota ainda que "ao esvaziar as instituições", num país "pobre” como é a Guiné-Bissau, está-se a tornar o país "vulnerável aos fenómenos do narcotráfico, terrorismo, à fuga de capitais e ao fenómeno de uso indevido do património público". "Basicamente colocamos o país de gatas, ou seja, despimos o país. Estamos a assistir a uma destruição lenta do próprio país", diz o analista.
A Guiné-Bissau vive uma grave crise política que deixou as principais instituições completamente paralisadas. Sem uma solução à vista, os dirigentes do país remeteram-se ao silêncio.